Planalto e aliados do presidente Temer apontam inconsistências no processo de delação da JBS e cobram explicação dos procuradores
Alberto Bombig | O Estado de S.Paulo
As críticas e as possíveis inconsistências no processo de delação premiada da JBS deixaram a Procuradoria-Geral da República (PGR) em sua posição mais vulnerável desde o início da Operação Lava Jato, há três anos, numa disputa pública e de bastidores com o Executivo.
Os procuradores da Operação Lava Jato, em Brasília, enfrentam ataques públicos da coalização liderada pelo presidente Michel Temer (PMDB). Nos bastidores, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e advogados também criticam procedimentos.
Os governistas e a defesa de Temer apontam supostas incongruências na delação dos irmãos Joesley e Wesley Batista, e a oposição vem criticando a PGR desde os vazamentos das delações de Delcídio Amaral, ainda em 2015, que atingiu os ex-presidentes Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva.
A defesa do presidente Michel Temer e seus aliados apontam falhas da PGR nos seguintes pontos do acordo de delação dos irmãos Batista e de seus colabores na JBS: questionam a licitude da gravação do diálogo entre Wesley e o presidente, entendem que ocorreram edições no áudio da conversa divulgada pelo Supremo e enxergam um excesso de benefícios aos delatores.
Joesley não chegou a ser preso e pagou multa de R$ 240 milhões, valor considerado pelos governistas muito baixo para a gravidade dos crimes de que são suspeitos os irmãos.
Conspiração. Entre aliados, é corrente a teoria de que Temer foi vítima de uma trama para derrubá-lo da Presidência, urdida por setores da PGR, da Lava Jato em Curitiba e da oposição ao governo. Por essa narrativa, os irmãos Joesley e Wesley acabaram premiados de modo excessivo por servir aos interesses do grupo de “conspiradores”.
Nos bastidores do Supremo, Janot também é alvo de críticas de alguns ministros que enxergam inconsistência jurídica nos despachos enviados pelo procurador à Côrte. Conforme apurou o Estado, Edson Fachin já chegou a reclamar de erros e do “açodamento” de Janot.
Esse é outro ponto problemático, conforme a defesa de Temer, da atitude de Janot nos últimos dias. Segundo a defesa do presidente, Janot centrou sua denúncia contra Temer no suposto fato de ele ter dado “aval” à compra do silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o que a gravação não demonstraria.
O alvo principal do PT é a investigação em Curitiba, mas Janot também foi objeto de críticas na Lava Jato. A principal delas é quanto à abertura de inquérito contra Lula e Dilma por obstrução à Justiça com base nos grampos que tratavam da nomeação do ex-presidente na Casa Civil. O inquérito foi aberto a pedido de Janot e o PT considera que o grampo é ilegal. O partido critica também benefícios a delatores e vazamentos “seletivos”.
O PT reclama da suposta falta de celeridade nas investigações envolvendo adversários do partido, em especial o tucano Aécio Neves (PSDB). / ColaboroU Ricardo Galhardo
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