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Líderes dessas legendas se reúnem hoje para deliberar se continuam ou não na base de apoio a Temer. Se caírem fora, eis um sinal de que não merecem existir
Representantes do PSDB, do DEM e do PPS se reúnem neste domingo para definir se as legendas continuam ou não no governo. Na verdade, leio de outro modo: esses partidos vão decidir se merecem existir ou não. O PPS, na prática, já caiu fora. Roberto Freire entregou o Ministério da Cultura antes mesmo de saber que diabos havia na fita. Ironia: às vezes, sinto certa nostalgia dos tempos em que esquerdistas não acreditavam em tudo “o que sai na mídia”…
Caso decidam desembarcar, devem, em seguida, perguntar às Organizações Globo que rumo tomar. Hão de aderir imediatamente à tese da deposição do presidente — o golpe de Janot —, com a outorga do cargo a Cármen Lúcia, ou há espaço para algum fingimento antes de cair na farra?
Tomo por indecente, por imoral, por asquerosa a defesa da saída de Temer depois de tudo o que se sabe. Um ex-braço-direito de Rodrigo Janot é hoje um dos homens dos irmãos Batista (ainda volto ao ponto). Está na cara que a operação toda é ilegal, uma vez que foi urdida nos porões do Ministério Público Federal e da Polícia Federal. Retomo o assunto nos próximos posts.
Gosto de Roberto Freire, mas seu PPS, volta e meia, sofre de chiliques moralistas. Pode estar aí a sua dificuldade de crescer. O DEM, que quase foi levado à extinção pelo PT, vai dizer se aprendeu alguma coisa ou se merece mesmo chegar ao fim. Quanto ao PSDB… Bem, meus caros, não é exatamente uma legenda, hoje em dia, cuja reputação seja tisnada por Michel Temer. É bom que se pergunte, convenham, se não tem sua parcela de responsabilidade na baixa popularidade do governo.
Confesso que fiquei um tanto chocado com a rapidez com que Bruno Araújo resolveu entregar a pasta das Cidades. Sabem por quê? O tucano de Pernambuco é acusado pelo Ministério Público Federal, e o inquérito já foi aceito, de corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Não obstante, dois delatores da Odebrecht deixaram claro que lhe repassaram, sim, dinheiro pelo caixa dois, mas que não houve contrapartida. Bruno deveria ser mais cuidadoso e menos ligeiro nessas matérias. Se pensa que abandonar o governo contribui para a sua reputação, está cometendo um erro adicional. Isso vale, aliás, para o conjunto dos tucanos.
Que decisão essas legendas vão tomar? Depois de tudo o que se sabe sobre a tramoia envolvendo os irmãos Batista, é indecente a simples reunião para saber se ficam no governo ou se dão no pé.
Caso escolham a segunda opção, não merecem existir como legenda porque a covardia não pode ser um norte de ninguém sob o pretexto de defender a moralidade.
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