Quase 60 mil vagas foram criadas em abril, melhor resultado desde 2014
Maeli Prado | Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - O aumento do número de vagas com carteira assinada em abril indica que o mercado de trabalho parou de encolher, mas mostra também que o país ainda está muito longe de recuperar os 3 milhões de empregos perdidos com a crise nos últimos dois anos.
No mês passado, entre demissões e contratações, foram criadas 59,8 mil vagas com carteira assinada, segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho. Foi o segundo resultado positivo deste ano e o melhor para o mês de abril desde 2014.
Em fevereiro, o dado também havia sido positivo, interrompendo uma sequencia de 22 meses de dados negativos. Em março, no entanto, houve nova perda de vagas.
No acumulado do ano, o saldo ainda é negativo, com a eliminação de 933 vagas, o que é considerado praticamente estabilidade considerando o universo do Caged.
A pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que oferece um retrato mais abrangente do mercado de trabalho, mostra que o desemprego continua em alta e aponta 14 milhões de brasileiros em busca de trabalho. O IBGE divulgará dados sobre o primeiro trimestre nesta quinta (18).
"O dado de abril [do Caged] é o segundo do ano que é positivo, interrompendo uma longa série de resultados negativos. Mas não há sinal de forte recuperação. São mais indícios de acomodação", diz o economista Thiago Xavier, da consultoria Tendências.
Ele afirma que abril é tradicionalmente forte em geração de vagas. Quando se retiram os efeitos típicos do mês dos números do Caged, os dados ainda mostram mais demissões do que contratações.
Os números sem ajuste sazonal mostram que somente a construção civil não teve saldo positivo em abril. Com o ajuste, os dados revelam que a agricultura é o único setor que vem criando vagas.
Em abril, São Paulo foi o Estado que criou a maior quantidade de empregos com carteira, com destaque para o interior. "Em março e abril se inicia o ciclo da cana de açúcar no Sudeste, e isso vem com muita força em São Paulo", afirmou o coordenador do Caged, Mario Magalhães.
Na indústria de transformação, por outro lado, os dados do Caged mostram que o ritmo das demissões vem desacelerando. Em abril, também houve saldo positivo de vagas no setor de serviços.
A expectativa é que os resultados mais positivos apareçam a partir do segundo semestre —agosto, setembro e outubro são os meses em que o mercado de trabalho costuma se aquecer mais.
"Nos próximos meses, a expectativa é que os dados com ajuste sazonal continuem mostrando arrefecimento dos cortes", afirmou Xavier, da Tendências. "O emprego acompanha a atividade econômica, que tem uma perspectiva de melhora lenta."
"Esperamos resultados positivos em maio", disse o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira. "A tendência é que se continue a criar vagas, e esperamos que isso se concretize e se estabeleça."
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