Especialistas alertam, porém, que recuperação deve ser lenta
Abertura de 59.856 postos com carteira assinada em abril foi a melhor para o mês desde 2014. Mas, no Estado do Rio, foram fechadas 2.554 vagas. Liberação de contas do FGTS ajudou nas contratações
No mês passado, foram criadas no país 59.856 vagas com carteira assinada, segundo dados do Ministério do Trabalho. O resultado é o melhor para o mês de abril desde 2014 e mais um sinal da retomada da economia. Houve contratações em sete dos oito principais setores, com destaque para o segmento de serviços, o que, segundo analistas, reflete o impacto da liberação do dinheiro das contas inativas do FGTS. Apesar do resultado favorável de abril, nos últimos 12 meses o mercado formal de trabalho fechou 969.896 vagas. Economistas avaliam que a taxa de desemprego só deve começar a cair no segundo semestre. No Estado do Rio, diferentemente do que ocorreu no restante do país, houve mais demissões do que contratações, com fechamento de 2.554 vagas.
Mercado de trabalho reage
Em abril, foram criados 59.856 postos com carteira assinada, melhor resultado para o mês desde 2014
Geralda Doca | O Globo
-BRASÍLIA- O mercado formal de trabalho brasileiro registrou em abril a geração líquida (admissões menos demissões) de 59.856 empregos — o melhor resultado para o mês desde 2014. Com o desempenho positivo de fevereiro deste ano, quando foram abertas 35.612 vagas, o país começa a reverter a trajetória dos últimos dois anos de eliminação de postos com carteira assinada, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado ontem pelo Ministério do Trabalho.
No primeiro quadrimestre deste ano, o saldo ainda está negativo, mas em 933 postos — praticamente estável em relação ao estoque de empregos existente em dezembro de 2016. Entre janeiro e abril do ano passado, o resultado estava negativo em 378.481, e nos últimos 12 meses, o país perdeu 969.896 postos com carteira assinada.
Ao divulgar os dados, o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, destacou que as contratações superaram as demissões em sete dos oito setores relevantes da economia. Segundo ele, os resultados positivos de fevereiro e de abril deste ano apontam para uma reversão de seguidos resultados negativos do mercado de trabalho:
— Os resultados de fevereiro e abril de 2017 são um sinal muito forte de que o emprego retorna à sua condição de normalidade no Brasil.
Ele mencionou que outros indicadores econômicos apontam nessa direção, como a prévia do Produto Interno Bruto (PIB) do Banco Central (BC) de alta de 1,12% no primeiro trimestre, revelando que a recessão pode ter ficado para trás.
15 DE 26 SUBSETORES FICARAM POSITIVOS
Em abril, os empregos foram puxados pelo setor de serviços, que respondeu por 24.712 contratações contra um saldo negativo de 9.937 em abril do ano passado. Entre os subsetores que mais empregaram estão serviços médicos e odontológicos, ensino, alojamento e alimentação.
A agricultura também teve bom desempenho, com saldo positivo de 14.648; seguida pela indústria de transformação, que abriu 13.689 vagas, sobretudo nos subsetores de fabricação de produtos farmacêuticos e alimentos e bebidas. Já o comércio, principalmente varejista, respondeu por 5.327 novas contratações. O único setor que demitiu foi a construção civil, que fechou 1.760 postos. Mesmo assim, bem menos do que no mesmo período do ano passado: 16.036 desligamentos.
Segundo o especialista Rodolfo Torelly, do site Emprego Hoje, 15 dos 26 subsetores do Caged aumentaram as contratações no primeiro quadrimestre deste ano. No mesmo período do ano passado, isso acontecia em apenas sete deles.
Torelly destaca que o perfil desta melhora é diferenciado, já que setores como comércio varejista e construção civil diminuíram suas perdas:
— O crescimento do emprego começa a se disseminar, ainda que lentamente, por toda a cadeia produtiva haja visto o crescimento do emprego em setores básicos, como a indústria, que responde à demanda dos mercados interno e externo.
Entre os estados que mais empregaram em abril estão São Paulo, com saldo positivo de 30.227 postos, seguido por Minas Gerais, Bahia, Goiás e Paraná. Do outro lado, Alagoas, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro foram os que mais demitiram.
Para analistas da Rosenberg Associados, o resultado de abril pode ter sido beneficiado pelas contratações do comércio em resposta à liberação das contas inativas do FGTS. Eles acreditam, no entanto, que a recuperação do mercado de trabalho deve se dar de maneira mais concreta no segundo semestre deste ano.
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