Por Juliano Basile | Valor Econômico
NOVA YORK - O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB) disse ontem que aceitaria disputar a Presidência da República, caso o PSDB o escolhesse em processo de prévias, e fez um discurso em tom de candidato ao receber o prêmio "Pessoa do Ano" da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos.
Em viagem a Nova York, Doria estava evitando posicionar-se como candidato à Presidência para 2018. No domingo, ele disse que não postulava candidatura. Na segunda-feira, falou que 2018 ainda estava longe. Ontem, ele defendeu o nome do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e disse que a escolha deveria ser feita por prévia no partido como esse último sempre defendeu. Ao ser questionado em entrevista para a Bloomberg sobre o que faria se o nome dele fosse o escolhido pelas prévias, Doria respondeu: "Se for pela democracia, por que não?"
À noite, o prefeito fez um discurso com muitos auto-elogios para uma plateia composta pelos maiores empresários e banqueiros do Brasil numa noite de gala no Museu de História Natural, em Nova York. "Amo muito o meu país. Não sou político; sou gestor. Não desrespeito os políticos. Mas São Paulo precisava de um gestor capaz de dar um choque de eficiência no poder público municipal", declarou Doria.
Nas edições anteriores do prêmio, os escolhidos costumavam lembrar o que fizeram no passado, as ideias que defenderam e as conquistas que tiveram. Doria fez uma auto-apresentação mirando o futuro. "O trabalho não me assusta. Eu gosto de trabalhar. Ousadia não me falta. Coragem também não."
Ele usou até mesmo um slogan de sua campanha à Prefeitura como se ainda fosse candidato. "Temos pressa. A cidade viveu um longo período de letargia. Precisamos acelerar."
Doria ressaltou ainda os cem primeiros dias na Prefeitura e, como se estivesse em uma sessão de prestação continuada de contas de sua gestão, dividiu o seu discurso em realizações na saúde, na educação, na desburocratização e no programa de desestatizações pelo qual espera arrecadar US$ 2,5 bilhões com a venda de autódromo, de centro de convenções, de serviços funerários, de mercados municipais, terminais de ônibus, estádio de futebol, "terrenos e propriedades inúteis".
Até mesmo a limpeza da cidade - outro slogan de campanha - foi lembrado pelo prefeito no discurso. "Eu próprio participo dessas ações com a mão na massa. Quero com isso dar um exemplo de humildade. O prefeito é um servidor público. Mas também quero incentivar os cidadãos a fazer o mesmo, doar um pouco de seu tempo para o bem da sua comunidade."
Antes da entrega do prêmio, Alckmin disse que Doria era "a noiva" do evento. Questionado se o fato de Doria apoiar as prévias indicaria uma intenção dele se candidatar à Presidência, o governador respondeu que não conseguirão dividir os dois. "Ninguém vai conseguir nos distanciar", enfatizou Alckmin. "Nós estamos fazendo uma grande sinergia em beneficio da população", completou.
O governador afirmou ainda que é "totalmente indevida" a comparação entre Doria e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Já Doria disse não se incomodar com a comparação com o americano que, como ele, não seguia carreira política, mas disputou e ganhou a primeira eleição em 2016 e foi protagonista do reality show "O Aprendiz". "Eu não tenho nenhum incômodo. Mas vocês não querem ver?", afirmou o prefeito, mudando de assunto e mostrando aos jornalistas uma foto dele com o ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg no Twitter.
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