- O Estado de S.Paulo
A conclusão dos tucanos é que, se é ruim com Temer, pior seria com Maia
A cúpula do PSDB resolveu bancar a aposta e manter, por ora, o apoio a Michel Temer baseada, sobretudo, em um diagnóstico: se o presidente não se sustentar na cadeira, quem tem mais chances de vencer uma eleição indireta, hoje, é o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). E a conclusão dos tucanos é que, se é ruim com Temer, pior seria com Maia.
Com esse discurso, a velha guarda tucana, com reforço do “novato” João Doria Jr., tenta convencer a ala jovem – autodenominada “os cabeças pretas”, mas apelidada pelos velhos de “os cabeças ocas” – a recuar da posição radical de que o partido tem de desembarcar do governo já.
Os tucanos também fizeram chegar a Rodrigo Maia que ele deveria cessar a campanha à qual se dedica (embora negue com veemência teatral) para se cacifar junto aos partidos. Emissários do PSDB disseram ao deputado do DEM que, se ele assumir o lugar de Temer, terá início no dia seguinte o “Fora, Rodrigo”, e ele será imediatamente tragado pela Lava Jato.
A desconfiança com a opção Maia se alia a outro fator que leva os tucanos a permanecerem no barco por ora: o destino de Temer está ligado ao de Aécio Neves. Se o peemedebista for jogado aos leões, sem foro, o PMDB imediatamente deixará de atuar na retranca do pedido de prisão de Aécio, que deve voltar à pauta do Supremo.
Assim, escorados um no outro e tendo como único discurso as reformas, PMDB e PSDB planejam – se “fatos novos” não se interpuserem no caminho – cruzar a linha de chegada do mandato em 2018. Resta saber se terão pernas para enfrentar a corrida presidencial, assim tão alquebrados.
FICA, TEMER?
Permanência de Meirelles é mais importante, vê mercado
Consenso no congresso da ABVCAP, entidade que reúne grandes investidores, realizado em São Paulo: é mais importante a permanência da equipe econômica que a do presidente. Para o mercado, só isso pode assegurar a aprovação das reformas.
ZAGUEIRO
Advogado de Rocha Loures tem ligação com Padilha
O novo advogado de Rodrigo Rocha Loures, Cézar Bitencourt, tem antiga ligação com o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha – que afirmou ter certeza de que o ex-assessor de Temer seguiria um “padrão ético” e não faria delação premiada.
TSE
Tendência é absolver chapa, apostam ministros e advogados
Os placares variam de 5 a 2 a 4 a 3, mas ministros e advogados que atuam no TSE apostam majoritariamente na absolvição da chapa Dilma-Temer, sob a alegação de que vícios processuais impediriam a cassação. Embora a tendência seja levar o julgamento até o fim, o ministro Admar Gonzaga é visto como a bola de segurança se as coisas estiverem complicadas e for mais seguro à defesa de Temer pedir vista.
NAS REDES
Crise da JBS leva a 550 mil menções a impeachment
De volta a 2016? Com a eclosão da crise da JBS, que engolfou o governo Temer, a palavra impeachment voltou a dominar o debate nas redes sociais. O sistema de monitoramento digital Torabit analisou 551.647 menções ao termo em maio. Dessas, 63,9% pediam a saída de Temer. Outras 29% eram neutras ou se referiam a outros pedidos de impeachment. Só 6,4% eram favoráveis ao presidente, ou seja, manifestavam a opinião de que não haveria provas para tirá-lo da Presidência.
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