Considerado modelo mais fácil para reeleição, distritão deve reduzir candidatos à Câmara Deputados acreditam que podem conseguir mais apoio ao novo modelo fazendo parceria com partidos que são contra o distrital misto
Cristiane Jungblut | O Globo
BRASÍLIAA - poucos dias da votação da reforma política em plenário, persistem as dificuldades da Câmara dos Deputados para aprovar mudanças no atual sistema eleitoral. O bloco de partidos que defende o sistema apelidado de distritão — liderado pelo PMDB — ficou irritado e frustrado com o que chama de “traição” do PSDB na votação da proposta de reforma na comissão especial da Câmara. Agora, o bloco flerta nos bastidores com setores da esquerda que têm como prioridade derrubar o sistema distrital misto, que, de acordo com o texto da reforma, valeria a partir de 2022.
Na votação do destaque sobre a criação do distritão, dois dos três tucanos da comissão romperam o acordo costurado pelo deputado Marcus Pestana (PSDB-MG) e se abstiveram. Pestana tinha dado a palavra ao bloco favorável ao distritão — PMDB, PP e PTB, sobretudo —, de que o PSDB votaria a favor de a proposta vigorar nas eleições de 2018, de olho numa reciprocidade para a instalação do distrital misto a partir de 2022.
Parlamentares do PTB e PMDB criticaram a postura do PSDB e afirmam que os tucanos não são mais confiáveis. Começou então um flerte com grupos de esquerda, já que o PCdoB tem como prioridade derrubar o sistema distrital misto. A ideia é que os parlamentares do PCdoB ajudem a aprovar o distritão em troca de integrantes do bloco abandonarem o distrital misto.
Integrante da comissão da reforma política, o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) disse que o partido vai reapresentar na votação em plenário uma proposta para derrubar o sistema distrital misto. Na comissão, o deputado reclamou da forma como o destaque do partido foi rejeitado, em votação simbólica, o que favoreceu os defensores do sistema.
— Nossa prioridade é suprimir o distrital misto, mas não nos entusiasmamos com o distritão. O distrital misto e o distrital reforçam o personalismo — disse Orlando Silva.
Questionado sobre as negociações, Orlando disse que não acredita que haja votos suficientes para aprovar o distritão. Essa é hoje uma avaliação generalizada na Câmara.
— Acredito que vamos aprovar a cláusula de barreira, o fim das coligações proporcionais e a criação do Fundo Eleitoral. E isso já será uma mudança profunda. A maior desde 88. Minha impressão é de que eles não têm voto para aprovar o distritão, mas, depois do que ocorreu na comissão, muita gente do centrão e do PMDB veio conversar sobre a nossa proposta de eliminar o distrital misto — disse o deputado do PCdoB.
Sobre negociações, a deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ) apenas admite que setores da esquerda vêm procurando os demais partidos.
As dificuldades são tantas que deputados apostam nos mais diferentes cenários: desde um em que tudo que foi proposto pelo bloco será aprovado até um cenário no qual só sairá o Fundo Eleitoral de R$ 3,6 bilhões.
— O desafio é conseguir os 308 votos para o distritão — resumiu o líder do DEM na Câmara, Efraim Filho (PB ).
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