- O Estado de S.Paulo
Caso o Senado decida mesmo partir para o confronto com o Supremo Tribunal Federal, revogando as penas impostas a Aécio Neves (PSDB-MG), o risco de aumento do desgaste da Casa diante da opinião pública será imenso. Quaisquer pesquisas que tenham feito uma medida do humor da opinião pública em relação aos políticos mostrará que o confronto é um grande erro.
Mesmo que o STF também não seja hoje um campeão popular, e tenha se envolvido em um ativismo político sem precedentes, a imagem que tem é muito melhor do que a do Senado, onde boa parte dos líderes enfrenta problemas com a Operação Lava Jato e com a Justiça.
Qualquer decisão que beneficie Aécio, não importa se feita em nome do Senado, como instituição, se voltará contra todos os senadores, em geral, e, principalmente, contra o próprio tucano, em particular. Esse costuma ser um tipo de ação que o eleitor não perdoa.
Só para lembrar: reeleito senador em 1994, mas cassado pela Justiça Eleitoral por ter mandado imprimir mais de 100 mil calendários na Gráfica do Senado com sua foto, Humberto Lucena (PMDB-PB) foi beneficiado por uma lei de anistia aprovada especialmente para o seu caso. Ele retomou o mandato, mas vagou pelo Senado como um zumbi até a morte, quatro anos depois.
Afastado da presidência do Senado por uma liminar do ministro Marco Aurélio Mello, no fim do ano passado, Renan Calheiros (PMDB-AL) se recusou a cumprir a decisão. O STF se reuniu, decidiu que ele poderia continuar presidente, o que não faria diferença, porque o mandato terminaria dali a um mês e pouco, mas o proibiu de assumir a Presidência da República em caso de afastamento do presidente Michel Temer. Logo depois, Renan seria abandonado pelos próprios senadores do PMDB, o que o obrigaria a sair da liderança do partido.
Nesse tipo de crise, como a de agora entre o Senado e o STF, só o diálogo consegue dar um passo adiante. O confronto é sempre um passo atrás.
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