domingo, 26 de novembro de 2017

Graziela Melo: Eu...

Quando meu coração parou de bater, senti que já era defunta. Ainda tinha um corpo na jogada, mas logo, logo as bactérias, vermes e tapurus tomariam conta do pedaço.

Aí, sim, não tinha antibiótico que resolvesse. Nem sequer tinha um espelho por perto para que eu pudesse me ver depois de morta. Como ficara o meu visual? Fiquei agoniada, insegura. Dei uma olhada no entorno. Ninguém por perto. Só eu mesma e eu sozinha. Quando alguém me descobrisse ali naquele recanto frio, certamente me providenciariam o enterro.

Ser enterrada era o que eu menos queria. Apodrecer sobre a terra era bem menos angustiante. Poderia ver ao meu redor. Dá uma espiada de vez em quando! Mesmo comida e beliscada pelos vermes, essas verdadeiras feras roedoras de cadáveres!!!

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