Na Justiça, Serraglio diz que vai preservar a Lava-Jato
Escolha, 17 dias depois do cargo vago, atendeu a pedido do PMDB
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Gama e Leticia Fernandes | O Globo
-BRASÍLIA- A nomeação de Osmar Serraglio (PMDB-PR) para o Ministério da Justiça, 17 dias após a saída do novo ministro do STF, Alexandre de Moraes, foi definida sob o raciocínio de que o governo precisa, neste momento, ceder aos partidos aliados para conseguir viabilizar as reformas da Previdência e Trabalhista. Na primeira entrevista, Osmar Serraglio afirmou que não irá interferir na Operação Lava-Jato e que não vê qualquer necessidade de correção de rumos nos trabalhos da Polícia Federal, que é subordinada ao Ministério da Justiça.
— Não vou fazer nada em relação à Lava-Jato. Não cabe a mim interferir em algo que é conduzido por outro poder, o Judiciário, e tem a investigação através do Ministério Público. Em parte, também tem envolvimento da Polícia Federal, mas quem conduz é o Poder Judiciário, sob a batuta do juiz Sergio Moro e do ministro do Supremo Edson Fachin. Acho que a Lava-Jato está no caminho certo, apresentando resultados que a população tem aplaudido — afirmou.
Apesar de ter recebido apoio do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha para chegar à presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) em 2016, Osmar Serraglio negou qualquer proximidade com o deputado cassado.
TENTATIVA DE PACIFICAR A BASE
Em conversa com aliados, o presidente Michel Temer decidiu que é necessário ter o PMDB e o PSDB, principais legendas da base, pacificados no Congresso, o que deve orientar também a escolha de um tucano para substituir José Serra no Ministério das Relações Exteriores. Ontem à tarde, o presidente do partido, senador Aécio Neves (MG), apresentou para o posto o nome do senador Aloysio Nunes Ferreira (SP).
— A votação das reformas é o que deve orientar as escolhas do presidente. Claro que estão sendo analisados critérios técnicos, mas não dá para pensar apenas na notoriedade desses nomes agora. A prioridade é fazer uma composição no Congresso que possibilite a aprovação das reformas este semestre, porque o tempo do governo é escasso — explicou um interlocutor de Temer.
Para o novo ministro da Justiça, sua nomeação servirá para pacificar a bancada do PMDB na Câmara, que vinha se queixando de perda de espaço desde que o tucano Antonio Imbassahy foi nomeado para a Secretaria de Governo.
— Acho que a nomeação pacifica sim. Vou fazer um esforço nesse sentido. É uma conquista importante do líder, ele se esforçou para que esse espaço fosse para o PMDB.
A escolha de Serraglio, no entanto, não foi unânime no PMDB. O primeiro vice-presidente da Câmara, Fábio Ramalho (PMDB-MG), anunciou rompimento com o governo:
— Se Minas não tem ninguém capacitado para ser ministro, não devemos apoiar este governo. Vou trabalhar no plenário contra o governo.
O anúncio oficial da nomeação de Serraglio foi feito pelo portavoz da Presidência, Alexandre Parola, que destacou a “ampla experiência profissional e política” dele. Ainda não há definição sobre o nome do secretário de Segurança que trabalhará junto com o novo ministro. Temer ainda cogita retirar a secretaria do ministério e levá-la para o Palácio do Planalto, ficando diretamente sob sua responsabilidade.
LIDERANÇA DA MAIORIA
Mas nem o Ministério da Justiça foi capaz de saciar o apetite do PMDB por cargos. A bancada ainda luta para conseguir a indicação do deputado Lelo Coimbra (PMDB-ES) para a liderança da Maioria na Câmara. O cargo que será criado, a princípio caberia ao deputado André Moura (PSC-SE), que será substituído por Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), já convidado por Temer ontem para assumir a liderança do governo, posto que era ocupado por Moura desde o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. O presidente analisava nomear Moura como líder da Maioria, mas, a interlocutores, o deputado disse que seu grupo político, o centrão, não aceitaria a mudança.
Ontem, o PSDB fechou apoio ao nome do senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) para o Ministério das Relações Exteriores. Aloysio é líder do governo no Senado, cargo que pode ser usado para acomodar outro aliado. (Colaboraram Cristiane Jungblut, Maria Lima e Eduardo Barretto)
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