Isabel Fleck / Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - Um dos principais nomes por trás da eleição do presidente francês, Emmanuel Macron, o estrategista Guillaume Liegey vem ao Brasil nesta semana e espera sair do país com novos clientes.
Liegey, que já esteve no país em novembro, terá desta vez pelo menos 15 encontros com políticos e partidos, entre eles o PPS, que sonha lançar para o Planalto o apresentador Luciano Huck.
Para o estrategista, que cuidou da campanha do "outsider" Macron, o apresentador brasileiro tem um "perfil muito interessante".
"Ele é um profissional respeitado na sua área e tem uma visão muito nova sobre política", disse à Folha o francês, que chega a São Paulo na segunda (29) e também se encontrará com o pré-candidato do partido Novo à Presidência, João Amoêdo.
Liegey menciona o fato de Huck já ter uma pequena projeção nas pesquisas, como ocorria com Macron. Em sondagem do Ibope do fim de outubro, o apresentador aparecia com 5% das intenções de voto –empatado com o governador de São Paulo e pré-candidato do PSDB, Geraldo Alckmin. Dez meses antes das eleições na França, o então candidato Macron tinha cerca 10% das intenções.
'BASE BOA'
"É importante você começar com um capital, uma base boa [de votos] sobre a qual se pode trabalhar", afirmou.
O presidente do PPS, o deputado federal Roberto Freire (SP), que se reunirá com o francês, admite que a experiência de Liegey poderia ser aproveitada se Huck decidir se candidatar.
"Vamos admitir que possa ocorrer essa hipótese [candidatura de Huck], aí algo que você analisou, que teve conhecimento, que experimentou, tudo isso pode vir a influenciar", disse Freire. Ele, no entanto, afirma não haver hoje conversas com o apresentador sobre a possibilidade de que concorra.
Apesar de recentes declarações de que as eleições deste ano seriam uma oportunidade para "reocupar o espaço" de uma classe política que "derreteu", Huck afirmou, no começo de janeiro, "não ser candidato a nada".
Para Freire, "elementos" vistos na disputa francesa podem se repetir em 2018 no Brasil, como uma resistência dos eleitores em relação a políticos tradicionais. "É algo que a gente pode imaginar que terá uma certa presença na nossa campanha aqui também."
INSATISFAÇÃO
Liegey também afirma ver na insatisfação popular com a política uma semelhança entre os dois países, além da inclinação de parte dos eleitores em votar em um candidato com discurso populista.
"Os principais partidos têm o desafio de trazer novas pessoas e ideias, de concorrer de forma diferente. Mas mesmo sabendo que têm que mudar, eles travam. É muito similar ao que ocorreu na França."
O estrategista, fundador da empresa de tecnologia eleitoral Liegey Muller Pons, foi um dos responsáveis por fazer com que o movimento En Marche! desbancasse os tradicionais partidos de direita e esquerda em seu país.
Amoêdo, que se encontra com Liegey na quinta, diz que ele poderia contribuir com a experiência nas áreas de divulgação do partido e na coordenação de seus voluntários. "Vamos saber como está a estrutura dele aqui, que produtos ele estará disponibilizando, e conversar um pouco sobre estratégia de campanha."
Liegey se reunirá ainda com candidatos a governos estaduais e à Câmara. O tom das conversas será de que "qualquer um pode aprender como ser um candidato melhor".
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