- Blog do Noblat
Se ele pode, por que eu não posso?
Em 1993, aspirante a candidato a presidência da República nas eleições do ano seguinte, Lula disse uma frase sobre o Congresso que depois se tornaria famosa: “Há [ali] uma maioria de 300 picaretas que defendem apenas seus próprios interesses”.
Suprema ironia! Entre 2003 e 2010, ele governou o país em aliança com a bancada picareta do Congresso. E depois de se tornar inelegível ao ser condenado pela segunda instância da justiça em Porto Alegre, Lula virou a esperança de salvação para os picaretas.
Menos enrascados do que ele, uma vez que nenhum foi condenado até hoje, os picaretas torcem para que Lula se dê bem. Para que não seja preso. Para que uma decisão dos tribunais superiores permita que ele concorra à sucessão do presidente Michel Temer.
Pelo menos quase 240 deputados e senadores são investigados no Supremo Tribunal Federal, segundo levantamento da revista Congresso em Foco. Desses, 29 senadores e 42 deputados têm contas a acertar diretamente com a Lava Jato.
Dos 54 senadores cujos mandatos terminam este ano, 23 ficarão sem foro privilegiado (o direito de só ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal) caso não se reelejam ou não se elejam para a Câmara dos Deputados ou para os governos estaduais. Estão aflitos, e com razão.
Ficaria mais fácil para essa gente argumentar durante a campanha que suas eventuais culpas são tão relativas quanto as de Lula, e que se a justiça acabou por beneficiá-lo quanto mais a ela, livre até aqui de qualquer aperto maior. “Se Lula pode, por que eu não posso?”
De resto, uma parte dos picaretas quer por que quer em seus Estados apoiar Lula para presidente e, em troca, ser apoiada por ele, principalmente no Nordeste, reduto eleitoral do demiurgo do PT. Uma mão lavaria a outra. Vida longa, portanto, para Lula.
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