Para Leonardo Picciani, legenda não vai ficar esperando ex-prefeito
Fernanda Krakovics / O Globo
O ministro do Esporte, Leonardo Picciani, disse ontem que o ex-prefeito do Rio Eduardo Paes não terá garantia de apoio do PMDB à sua eventual candidatura a governador se deixar o partido. Ele é filho do presidente estadual da legenda, Jorge Picciani, que conduz a sigla com mão de ferro e está preso preventivamente desde novembro. Paes está inelegível por decisão do Tribunal Regional Eleitoral do Rio, por abuso de poder político-econômico nas eleições de 2016, mas cabe recurso.
— O partido precisa começar a ter suas definições. E, para isso, boatos de que ele vai sair, vai ficar, prejudicam ele, imagino eu, e prejudicam o partido. Eu preciso ter nitidez nisso. Tomando a decisão de sair do partido, defendo que não seja automática a aliança com ele — afirmou Leonardo Picciani.
Paes pretende sair do PMDB para tentar se descolar do desgaste do partido, mas gostaria de ter a sigla no seu arco de alianças. O PMDB do Rio está com suas principais lideranças presas, entre elas o ex-governador Sérgio Cabral. A legenda ainda arca com a falência do estado, comandado por esse grupo político há 11 anos. A crise financeira do governo de Luiz Fernando Pezão culminou com o atraso no pagamento do salário dos servidores.
— O partido não vai ficar esperando esse vai, não vai — disse Leonardo Picciani.
O PMDB é a maior máquina eleitoral do estado. Apesar de ter perdido o comando da capital nas eleições de 2016, o partido tem o maior número de prefeitos, que são importantes cabos eleitorais. Além disso, a sigla possui um dos maiores tempos de propaganda na televisão e no rádio.
OUTRO CANDIDATO
Esse recado já havia sido dado na última terça-feira, em reunião do ministro com a bancada de deputados federais do partido, da qual participou Pedro Paulo, braço-direito de Paes e candidato derrotado à sua sucessão na prefeitura.
Procurado, Paes não respondeu, e Pedro Paulo afirmou que não comentaria o assunto.
Leonardo Picciani ameaça lançar para governador o secretário municipal de Assistência Social do Rio, Pedro Fernandes (PMDB), que é deputado estadual licenciado:
— O que tenho certeza é que o PMDB não ficará sem alternativa. Ou terá candidatura própria ou, se fizer uma aliança, o partido estará convicto de que esse é o melhor caminho para si.
O ministro cobra uma definição de Paes, que voltou a morar no Rio esta semana, depois de passar um ano nos Estados Unidos. No mês passado, de passagem pela cidade, o exprefeito já havia conversado sobre o assunto com o deputado estadual Rafael Picciani (PMDB), irmão de Leonardo.
Para o ministro, Paes é, no momento, o nome mais competitivo. Mas ele ressalta que as eleições deste ano estão em aberto:
— Para qualquer candidato esta será uma eleição de construção. Não tem nenhuma barbada.
Embora sua família controle o PMDB fluminense, Leonardo Picciani afirmou que essas opiniões são pessoais, e não do partido. Seu pai, Jorge Picciani, que é presidente afastado da Assembleia Legislativa (Alerj), foi preso na Operação Cadeia Velha. Ele é acusado de receber propina da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor) entre 2010 e março de 2017.
NEGOCIAÇÕES
Paes tem afirmado que pretende ser candidato pelo PSB. Ele reconhece que tem problemas com o atual presidente nacional do partido, Carlos Siqueira, que declarou publicamente a intenção de barrá-lo, mas acha que a correlação de forças pode mudar na legenda.
Ele chegou a abrir conversas com o PP e o PTB. Paes também foi convidado a se filiar ao PDT, mas descarta, segundo pessoas próximas, porque limitaria seu arco de alianças. O PDT vai lançar Ciro Gomes para presidente da República. Já o aliado preferencial de Paes é o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), que flerta com a possibilidade de ele próprio disputar o Palácio do Planalto. Se não decolar, Maia vai apoiar uma candidatura de centro.
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