Catia Seabra/Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - O líder do PT no Senado, Lindbergh Farias (RJ), postou um vídeo em sua página no Facebook em que endossou nesta quarta-feira (17) as declarações da presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann (PR), segundo quem para decretar a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai ter que "matar gente".
Embora a própria Gleisi tenha afirmado que foi uma "força de expressão" e prometido ir "em paz" à cidade de Porto Alegre, Lindbergh criticou os correligionários que tentaram minimizar o impacto das declarações da senadora.
"Vi gente de esquerda dizendo que não era bem isso. O que esse pessoal quer? Será que não entenderam o que está acontecendo no país? Será que acham que estamos vivendo um período de normalidade democrática? Não", atacou Lindbergh.
No vídeo, o parlamentar afirma que defende "uma nova esquerda, pronta para o enfrentamento e lutas de rua e não uma esquerda frouxa". Para Lindbergh, o processo de condenação de Lula "não tem provas e está desmoralizado". Ele cita como argumento o fato de uma juíza de Brasília ter autorizado a penhora do tríplex para saldar dívidas de delatores da OAS, o que para o petista é uma prova de que o imóvel pertence à construtora.
VIAS INSTITUCIONAIS
O senador diz que não possível recorrer pelas vias institucionais, pois a Justiça "já mostrou que tem um lado" e o Congresso Nacional "defende os interesses do empresariado contra o povo trabalhador". A solução, afirma, é que a esquerda "tenha coragem de enfrentar, que vá para as ruas, que aposte nas lutas sociais".
"Esse é o recado que temos que dar. Não vamos aceitar que eles consigam implementar a segunda etapa do golpe. A primeira foi afastar a Dilma. Agora, impedir Lula de ser candidato. Temos que falar grosso e olhar para as elites desse país."
O vídeo de Lindbergh foi postado uma hora depois de Gleisi arrefecer o tom de suas declarações. Em entrevista à radio Trianon, ela disse que o partido insistirá na via institucional.
"Somos da paz e vamos em paz a Porto Alegre", afirmou Gleisi.
A senadora disse ter usado a expressão como uma demonstração do quanto Lula é amado. Ela contou que, em sua caravana pelo Nordeste, Lula era abordado por eleitores que prometiam morrer por ele. "Eles diziam 'conte comigo. Se precisar, estarei lá. Morro pelo senhor'", relatou Gleisi.
Também na noite de quarta-feira (17), Valter Pomar, dirigente da corrente Articulação de Esquerda, afirmou em um artigo que as elites detêm o monopólio da violência no país. Pomar escreveu também que "os setores populares não podem nem mesmo levantar a voz".
"Sendo assim, não admira que tanta gente - inclusive petistas - tenha achado necessário 'lembrar' a senadora Gleisi disso tudo. Afinal, não se deve esquecer qual é nosso lugar na ordem das coisas: nada de reclamar, nada de protestar, nada de reagir, apanhar calado, morrer em silêncio e ser enterrado sem pompa nem circunstância. Não se pode nem mesmo dizer que, se querem pegar Lula, primeiro vão ter que passar sobre os nossos cadáveres.
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