Resultados preliminares indicam vitória de Andrés Manuel López Obrador por 53,8% dos votos
Sylvia Colombo | Folha de S. Paulo
CIDADE DO MÉXICO - Com a promessa de ir “contra a máfia do poder”, Andrés Manuel López Obrador, 64, foi eleito presidente do México neste domingo (1º), na primeira vitória de um esquerdista em um país que nos últimos anos optou pela centro-direita.
Mesmo antes de saírem os dados oficiais, os dois candidatos rivais a AMLO (como é chamado), José Antonio Meade e Ricardo Anaya reconheceram a derrota.
O resultado preliminar do INE (órgão eleitoral), apresentado às 23h, confirma a vitória por ampla margem de Andrés Manuel López Obrador, com 53,8% dos votos. Em segundo lugar, com 22,8%, aparece Anaya e, com 16,3%, Meade.
A participação foi de 62% dos eleitores.
Por volta das 21h30 locais (23h30 em Brasília), as principais avenidas que levam ao Zócalo (praça histórica da capital mexicana) começaram a ficar congestionadas. No local também está instalado um telão para transmitir os jogos do México na Copa --e em que algumas horas seria ligado para mostrar a partida entre Brasil e México.
A multidão gritava "Obrador, Obrador" e agitava bandeiras do Morena, partido do candidato, e bandeiras vermelhas.
Presidentes de outros países felicitaram AMLO, como o colombiano Juan Manuel Santos e o americano Donald Trump.
Às 23h15 locais, López Obrador deu seu discurso de vitória pedindo "reconciliação" aos mexicanos. AMLO disse que "as mudanças serão profundas, mas com apego à ordem legal estabelecida. Não haverá expropriação nem apropriação de bens".
E acrescentou: "haverá liberdade empresarial, de expressão, civis e políticos". Disse que o novo governo "manterá a disciplina fiscal e respeitará os tratados e contratos assumidos antes". Disse estar convencido de que a "corrupção desatou a violência em nosso país, portanto combater a corrupção será prioridade".
Meade foi o primeiro a sair admitindo a derrota, dizendo que "as pesquisas não me favorecem" e admitindo que AMLO será o próximo presidente do México. Agradeceu ao presidente Enrique Peña Nieto e à sua mulher, Juana Cuevas. Para López Obrador, pediu que governe "um país para todos e com responsabilidade".
"Porque sou um democrata e respeito a democracia, os vários números que tenho das bocas de urna mostram que López Obrador venceu essa eleição. Já liguei para ele para felicitá-lo e admito minha derrota", disse Anaya.
A disputa vai definir também um novo Congresso, com 500 deputados e 128 senadores, câmaras regionais, mais de 1.600 prefeituras e nove dos 32 governadores, entre eles o cargo de chefe de governo da Cidade do México, que tem status de estado.
Com tantos postos em disputa, alguns eleitores demoravam até dez minutos para preencher todos as cédulas. No México, o voto é obrigatório, embora não exista penalidade para quem não compareça —89 milhões de pessoas estavam aptas a votar.
Apesar do clima de tranquilidade no horário de votação, houve episódios de violência registrados nas últimas 48 horas.
Em Quintana Roo, um dos estados mais afetados pela violência, mais um jornalista foi assassinado a tiros, num bar, na madrugada do sábado (30).Trata-se de José Guadalupe Chan Dzib, 35, o sexto jornalista morto no México neste ano. Em 2017 foram 12, e, em todo o período de Peña Nieto, 42. Nenhum responsável até agora foi preso.
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