2018 Candidato do PDT desagrada ao tratar da reforma trabalhista; Bolsonaro evita responder a perguntas
Bruno Góes e Cristiane Jungblut | O Globo
-BRASÍLIA- Em encontro com empresários na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), os principais pré-candidatos à Presidência da República apresentaram ontem suas ideias para tentar conquistar a simpatia de um dos grupos mais relevantes da economia brasileira. Participaram da sabatina da CNI os presidenciáveis Jair Bolsonaro (PSL), Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB), Alvaro Dias (Podemos) e Henrique Meirelles (MDB). Eles trataram de temas caros ao setor, mas nem todos agradaram os industriais. Enquanto Marina e Ciro causaram desconforto ao criticar a reforma trabalhista — o pré-candidato do PDT chegou a ser vaiado —, Bolsonaro e Alckmin foram aplaudidos diversas vezes. O deputado do PSL, no entanto, preferiu não responder a algumas das perguntas feitas no evento. No encontro, os empresários aproveitaram para entregar aos presidenciáveis um conjunto de 43 propostas para “estimular a economia nos próximos quatro anos”.
Primeiro a falar, Geraldo Alckmin prometeu, caso seja eleito, realizar reformas ainda no primeiro semestre de 2019. O ex-governador apontou a necessidade simplificar a tributação e fazer as reformas política e da Previdência. Além disso, se comprometeu a zerar o déficit público em dois anos e a dar impulso às privatizações. Aplaudido pelos empresários ao prometer reduzir o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), Alckmin citou como exemplo o presidente dos EUA, Donald Trump, que diminuiu impostos corporativos.
— Temos um verdadeiro manicômio tributário. O presidente Trump reduziu o imposto de renda corporativo. No mundo todo você tem um IVA, um imposto por valor agregado. Você faz uma transição do modelo tributário. Tendo um modelo tributário menor é possível ir reduzindo a carga tributária.
Bolsonaro evitou responder a alguns questionamentos feitos no evento e sugeriu que fossem encaminhados ao economista Paulo Guedes.
— Tenho muito a aprender. Paulo Guedes é um tremendo economista. Para responder às perguntas aqui, seria ele e não eu — disse Bolsonaro, que concluiu: — Se nós temos de nos socorrer da esposa para administrar uma casa, quanto mais para administrar um país.
Apesar de não detalhar suas propostas, ele agradou a plateia ao defender os empresários e afirmar que, sem eles, não há empregos.
Ciro Gomes, por sua vez, foi vaiado ao dizer que pretendia rever a reforma trabalhista. Ele disse que só poderia revogar a reforma com a aprovação do Congresso, mas que havia assumido o compromisso com as centrais sindicais
— Fui vaiado por uma pequena fração, que depois percebeu que tinha feito uma indelicadeza desnecessária. Mas não estou um pingo incomodado pelo fato de receber agressão pelo fato de defender trabalhador. E essa reforma trabalhista, da forma como foi feita, é uma selvageria — disse o pré-candidato.
Marina Silva focou sua fala na reforma política. Ela defendeu a criação de um “novo processo de presidencialismo programático" para garantir a governabilidade. Segundo a pré-candidata, o Estado deve ter um papel mobilizador, “como um treinador de time de futebol". Em momento de visível desconforto para os empresários, Marina disse que a reforma trabalhista ainda gera insegurança jurídica.
— A lei carece de mudanças e revisão, pois há resultados celebrados, como, por exemplo, a diminuição de processos, com custo elevado para as relações trabalhistas.
ALVARO DIAS E MEIRELLES: REFORMA TRIBUTÁRIA
À plateia de empresários, Alvaro Dias, do Podemos, disse que vai apresentar um conjunto de reformas nos 100 primeiros dias de governo. Entre as principais medidas estão as reformas da Previdência e tributária.
— Certamente, não se fará uma reforma da Previdência sem atuarmos no andar de cima, eliminando privilégios de autoridades. A reforma do Estado passa por um grande programa de privatizações. Pela redução de números de deputados federais e senadores, deputados estaduais, com um Legislativo mais enxuto e eficiente — disse Dias.
Henrique Meirelles, do MDB, também disse que vai priorizar a reforma tributária. Segundo ele, impostos como PIS/Cofins, ICMS e ISS devem ser unificados na cobrança do Imposto de Valor Agregado (IVA).
— Dados do Banco Mundial mostram que um empresário gasta 2,6 mil horas por ano para pagar imposto, e não é trabalhando para gerar dinheiro para pagar o imposto, é em burocracia, em papel. Meu objetivo é reduzir para 200 horas, seguindo o padrão mundial. Temos que simplificar para ficarmos mais eficiente.
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