Por Raymundo Costa | Valor Econômico
BRASÍLIA - O ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) acredita que pode vencer a eleição numa campanha fulminante nos últimos 30 dias do horário eleitoral gratuito, quando ele espera que prevaleça uma "onda de racionalidade". Na opinião do tucano, sem a televisão nenhum candidato tem chance. Ele menciona a eleição recente para governador de Tocantins, onde os candidatos que lideravam 30 dias antes nem foram para o segundo turno.
Contador de causos, Alckmin lembra-se de um episódio ocorrido em janeiro, quando ainda era governador, que vem em socorro de sua convicção. Depois de uma solenidade, estava de volta ao Palácio quando parou em um semáforo fechado. Uma "senhorinha" o cumprimentou. Ele respondeu, mas se deu conta que ela o reconhecia, mas não lembrava seu nome. O sinal abriu e ela se despediu: "Tchau doutor Paulo Maluf".
Alckmin projeta ser o ganhador na reta final
O ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) quer ganhar a eleição numa campanha fulminante nos últimos 30 dias do horário eleitoral gratuito, quando então prevalecerá, segundo acredita, a "onda da racionalidade". O momento atual é dominado pelo que chama de "onda do radicalismo", algo que considera natural no início das campanhas.
Alckmin circulou ontem pela arena da Confederação Nacional da Indústria (CNI) com um discurso fiscal ajustado, mas quem surfou a crista da onda foi Ciro Gomes. Para atender à clientela do PDT, Ciro atacou a reforma trabalhista e foi vaiado pelos empresários. O tucano ficou com a aprovação da plateia mas também com a desconfiança sobre sua viabilidade eleitoral.
O horário eleitoral gratuito começa em 31 de agosto. Antes disso, o ex-governador acredita que nenhum candidato tem chance de reverter situações delicadas como a dele nas pesquisas eleitorais. Menciona a eleição recente para o governo de Tocantins - os candidatos que lideravam 30 dias antes nem sequer foram para o segundo turno.
Em defesa de sua tese, Alckmin conta um episódio ocorrido em janeiro deste ano. Depois de uma solenidade de aniversário de São Paulo, voltava para o Palácio dos Bandeirantes quando teve de parar em um semáforo fechado. Uma "senhorinha" o cumprimentou. Ele respondeu mas se deu conta que ela o reconhecia mas não lembrava seu nome. O sinal abriu e ela se despediu. "Tchau doutor Paulo Maluf".
No momento, de acordo com Alckmin, até o eleitor paulista acha que ele ainda é governador do Estado. Somente quando entrar a televisão é que será reconhecido como candidato a presidente. "A televisão faz como se a gente fosse a Regina Duarte, a Deborah Secco". Só com a televisão ele acredita que será reconhecido, inclusive em São Paulo, como candidato.
À noite, Alckmin ainda teria um encontro com os partidos do chamado Centrão, mas à tarde já antecipava que não contava com adesões. Só no fim de julho. O candidato diz que já formou uma aliança com cinco partidos (PSDB, PSD, PTB, PPS e PV) que lhe garante 20% do horário eleitoral. Agora vai esperar a definição inclusive das siglas que ainda têm pré-candidatos a presidente, como o DEM de Rodrigo Maia. A assombração do dia era a suposta candidatura do empresário Flávio Rocha pelo PRB.
A se confirmar, a candidatura de Rocha complica a costura de alianças pelo centro. É mais uma diatribe debitada na conta de João Doria para trocar o candidato do PSDB. Na realidade, a dificuldade de Alckmin pelo centro tem outros motivos, como a extrema desconfiança de ACM Neto, presidente do DEM e prefeito de Salvador, no potencial eleitoral do candidato tucano. Neto acha que Alckmin perde a eleição para Fernando Haddad, se este for o candidato de Lula.
De acordo com o ex-governador de São Paulo, o "povo erra menos que as elites". O que o candidato precisa é dar "todas as explicações" para a "dona Maria e o seu José". Depois da CNI, o pré-candidato esteve na Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), onde prometeu que fará uma campanha clara, mesmo quando o assunto remeter a temas impopulares, como reforma da Previdência.
"É explicar, explicar, explicar", que o povo "amadurece, amadurece, amadurece". Para Geraldo Alckmin, "uma campanha de 30 dias não é ruim". Será o bastante para convencer "dona Maria e seu José".
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