Pré-candidata diz que elo com movimentos de renovação política é coligação com a sociedade
Joelmir Tavares | Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - Quem não tem cão caça com gato. Talvez incômodo para uma ambientalista como Marina Silva, o ditado popular resume a situação da Rede em meio às negociações de alianças para a campanha.
Sem a adesão de outros partidos até agora, a pré-candidata apostará em coligações simbólicas: com movimentos que pregam renovação política.
Agora!, Acredito, Brasil 21 e Frente Favela Brasil estão entre os gruposque o entorno da ex-senadora considera peças importantes na candidatura. São, na visão da equipe, alianças não convencionais.
"Estamos fazendo alianças com a sociedade", disse Marina em evento da CNI (Confederação Nacional da Indústria), nesta quarta (4), em Brasília.
"Até o dia 4 de agosto [data da convenção da Rede], temos bastante tempo. Nenhum candidato definiu nem vice nem alianças", afirmou ela.
O partido conversa com legendas pequenas, como PHS, PMN, PPL e Pros, mas internamente já há resignação com a hipótese de que não seja fechada nenhuma coligação.
Na prática, a parceria com as organizações de renovação é diferente da união com siglas. Alianças formais em âmbito nacional seriam importantes para o tempo de TV. Sozinha, a presidenciável tem 8 segundos.
Nos movimentos, Marina encontrará principalmente apoios individuais. Dos coletivos que se aproximaram dela, só o Brasil 21 fechou apoio à candidatura. Nos demais, o esperado é que alguns membros se engajem na campanha.
O Agora!, que tem entre os participantes o apresentador Luciano Huck, decidiu que só tomará partido de algum candidato no segundo turno.
Neste ano, a Rede fez acordo com os quatro grupos para filiar membros interessados em disputar vagas no Legislativo. Parte dos novatos entrou na cota de candidaturas cívicas, uma categoria prevista no estatuto da legenda para abrigar integrantes independentes.
"A Rede se mostrou o partido mais aberto à participação", diz o consultor José Frederico Lyra, cofundador do Acredito —ele mesmo optou por se filiar à sigla para tentar vaga na Câmara dos Deputados.
Entusiasta da "conexão direta com a sociedade", o deputado federal Miro Teixeira (Rede-RJ) afirma que "alguns dos grupos de renovação são mais organizados que partidos".
As negociações com legendas se desenrolam fora de uma lógica predatória, como gosta de frisar Marina. Ela diz que se recusa a fazer uniões baseadas em troca de favores ou promessas de cargos. Prioriza alianças programáticas.
"Os mecanismos com os quais operamos não são os mesmos que costumam ser vistos em época eleitoral, mas são os que contam para nós", diz a ex-senadora Heloísa Helena (Rede-AL), uma das conselheiras do círculo de Marina.
Dos partidos que foram procurados, o PPS é o preferido, mas a legenda presidida pelo deputado federal Roberto Freire (SP) tende a apoiar Geraldo Alckmin (PSDB-SP).
O mais provável é que a ex-senadora feche só apoios nos estados, com outros partidos oferecendo palanque.
Isso deve ocorrer em São Paulo, onde a Rede decidiu se coligar com o PMN, que lançará para o governo o professor Cláudio Fernando de Aguiar, da Baixada Santista.
O vice será da Rede —Roberto Campos, ex-vereador em São João da Boa Vista.
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