- Folha de S. Paulo
Tucano precisa dobrar eleitorado em cinco semanas para chegar a etapa final
Em contagem regressiva para o início da propaganda eleitoral, Geraldo Alckmin (PSDB) tem diante de si uma ladeira íngreme que o separa do segundo turno:
1) Não conseguiu penetrar em nichos tucanos; 2) Tem dificuldade para se destacar no congestionamento de candidatos do chamado campo azul; 3) Precisa, no mínimo, dobrar seu eleitorado em cinco semanas.
Com 9% nas pesquisas, Alckmin não deve ser descartado como jogador viável porque sua estrutura na TV e no rádio pode fazer a diferença.
O ex-governador não decolou como um tucano típico. Seu desempenho é modesto até em grupos que apoiaram o PSDB em outras disputas. Ele não rompe os 10% entre eleitores de classe média alta ou com curso superior —segmentos em que Aécio Neves batia os 30% em 2014.
Em mais um ano de polarização com o PT, rei do campo vermelho, Alckmin só chegará ao segundo turno se frear a dispersão na ala azul.
O tucanato perdeu espaço para Jair Bolsonaro: mais de 40% dos apoiadores do deputado do PSL votaram em Aécio na última eleição.
O capitão reformado cristalizou esse eleitorado, mas Alckmin vai atrás de grupos menos devotados. Precisará ainda evitar que o rival cresça ainda mais entre os azuis. Para absorver o voto antipetista, pretende se contrapor a Bolsonaro como uma opção segura, menos aventureira.
Estão na mira dos tucanos eleitores que já aderiram a Marina Silva, Alvaro Dias, Henrique Meirelles e João Amoêdo. Dentro desse campo, a rejeição a Bolsonaro é quase o dobro do índice de Alckmin.
Mais difícil será convencer a fatia desiludida da população. Em um embate direto entre PSDB e PT, 70% dos eleitores que declaram voto em branco ou nulo no primeiro turno tendem a repetir o gesto no segundo. O desgaste sofrido pelos tucanos com a corrupção não ajuda.
Alvo de hostilidade em território que julgava amigável, Alckmin luta para não ser abatido precocemente. Se não reconquistar algumas trincheiras, a guerra estará perdida.
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