“Aqui foi diferente. Sociedade de latifundiários e senhores de escravos ou beneficiários de relações pré-modernas de trabalho, só teve tardiamente uma burguesia que pudesse se expressar no liberalismo. E ainda assim, uma burguesia extensamente apoiada, direta ou indiretamente, mais na grande propriedade de terra do que no capital. Eis porque nunca tivemos, propriamente, liberalismo a que pudesse se opor um conservadorismo reformista de amplas e criativas consequências sociais e políticas.
Essa longa tradição vem passando por tendências de ruptura. Uma, a do período petista, marcado pela ideologia sem teoria, a sujeição ao primado do econômico sem a crítica da economia política, o socialismo do acaso.
Outra, no período que se inicia agora, a economia reduzida ao meramente fiscal e os prejuízos debitados na conta de quem trabalha e perde, e não na conta de quem ganha e muito. O capitalismo modernoso no lugar do capitalismo moderno."
*José de Souza Martins é professor de sociologia na USP e membro da Academia Paulista de Letras. Entre outros livros, publicou "A Política do Brasil Lúmpen e Místico" (Contexto. ‘A tradição conservadora’, Eu & Fim de Semana / Valor Econômico, 8/2/2019.
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