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Olavo ganha mais uma
O ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, desembarcou em Israel convencido de que o presidente Jair Bolsonaro não anunciaria sequer a abertura de um escritório de negócios do Brasil em Jerusalém, quanto mais a transferência para lá da embaixada que desde sempre funciona em Telavive.
Reconhecido como o mais influente general nas cercanias de Bolsonaro, Heleno perdeu mais essa. Foi surpreendido com o anuncio feito por Bolsonaro de que o escritório será aberto. O que Heleno tanto temia começou a acontecer de imediato: o governo palestino chamou seu embaixador no Brasil para consultas.
Na sequência, os países árabes reagiram com uma nota de protesto. Os árabes são grandes compradores de produtos brasileiros, os israelenses não. Bolsonaro segue obediente à ala ideológica do governo liderada pelo autoproclamado filósofo Olavo de Carvalho, o ET de Virgínia, seu local de moradia nos Estados Unidos.
Olavo é o guru do capitão, dos filhos do capitão e de uma parcela expressiva dos devotos do capitão. Foi ele que indicou os ministros das Relações Exteriores e da Educação. O primeiro defende a tese de que o nazismo foi um movimento de esquerda. O segundo, por não saber o que fazer no cargo, está marcado para ser demitido.
Planalto vira a casa de mãe Joana
Quem postou o vídeo? Quem mandou postar?
A seguir desvairado como ele só, o presidente Jair Bolsonaro apressa a chegada do dia em que governará apenas seus seguidores nas redes sociais. São muitos, por ora quase 4 milhões, mesmo assim uma titica se comparados com os 57, 8 milhões de brasileiros que o elegeram em 28 de outubro último.
Bolsonaro causou quando mandou as Forças Armadas comemorarem mais um aniversário do golpe militar que implantou a ditadura de 64. Foi sua decisão mais criticada até aqui. Causou novamente, ou deixou que causassem por ele, quando uma conta oficial do governo no Twitter postou um vídeo exaltando o golpe.
Nunca antes na história do país desde o fim da ditadura algo de parecido acontecera. E com um agravante: em nota, o governo reconheceu que o vídeo foi postado em uma de suas contas, mas não soube dizer, ou não quis dizer, quem o produziu, quem postou e por ordem de quem. O Palácio do Planalto virou a casa da Mãe Joana.
Seria o caso de abrir-se um inquérito para apurar os responsáveis pelo episódio. A segurança nacional está em risco. O general Augusto Heleno, ministro do Gabinete Institucional da presidência da República, deveria pôr a Agência Brasileira de Inteligência para investigar. Ou se ela não for capaz, dar a tarefa à Polícia Federal.
No mínimo, há um infiltrado no palácio, com acesso a senhas das contas da presidência, que se agora postou um vídeo sem autorização dos escalões superiores, amanhã poderá fazer coisas piores. O infiltrado tem de ser descoberto e preso se for o caso. Ou descoberto e demitido. Ou descoberto, demitido e processado.
Bolsonaro não foi eleito para fazer o que quiser. Seus auxiliares não foram eleitos, salvo o vice. Não deve perder de vista que dos 147,3 milhões de eleitores aptos a votar nas eleições passadas, apenas cerca de 39,2% votaram nele. Ao todo, 31,3 milhões não compareceram às urnas, o equivalente a 21,3% do total de eleitores.
A legitimidade de sua eleição é inquestionável. Mas a da eleição e da reeleição presidente Dilma Rousseff em 2010 e 2014 também foi inquestionável e, no entanto, ela não conseguiu concluir seu segundo mandato. As pedaladas fiscais serviram de desculpa para derrubá-la. Ela caiu, de fato, porque perdeu as mínimas condições para governar.
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