- O Globo
Ao se eleger, o governador Wilson Witzel anunciou um secretariado com as “melhores pessoas”. A promessa foi tão verdadeira quanto o seu diploma de doutor em Harvard
No primeiro discurso como governador eleito, Wilson Witzel anunciou o fim da “política do compadrio” e a escalação de um secretariado com as “melhores pessoas”. A promessa foi tão verdadeira quanto o doutorado que ele disse ter feito em Harvard. Ao se sentar na cadeira, o ex-juiz imitou a fórmula dos antecessores. Loteou a máquina pública entre apaniguados e políticos derrotados nas urnas.
Depois de cinco meses, Witzel resolveu inovar. Em decreto publicado ontem, ele criou a Secretaria Extraordinária de Representação do Governo em Brasília. Entregou a pasta ao ex-deputado André Moura, personagem notório na capital federal.
O novo secretário começou como prefeito de Pirambu, município sergipano de oito mil habitantes. Subiu na vida ao se tornar escudeiro de Eduardo Cunha. Dias depois do impeachment, ele foi recompensado pela fidelidade ao chefe. Virou líder do governo de Michel Temer no Congresso.
A relação com o ex-presidente da Câmara era tão íntima que Moura gostava de ser chamado de André Cunha. Num embate em plenário, o deputado Paulo Teixeira preferiu batizá-lo de “lambe-botas”.
O novo secretário de Witzel é réu em três ações penais no Supremo. Numa delas, é acusado de comprar votos com dinheiro vivo e sacos de cimento. Ele já foi condenado ao menos três vezes por improbidade administrativa, acusado de usar verba pública para fazer feira e promover churrasco.
Com Temer e Cunha fora de combate, Moura deve o novo emprego a um terceiro padrinho: o presidente do PSC, Pastor Everaldo. Sem cargo formal no governo, ele virou eminência parda da gestão Witzel. Já emplacou aliados na Cedae, no Detran e até no Palácio Guanabara. Seu filho é assessor especial do governador.
No discurso em que prometeu nomear uma equipe técnica, o ex-juiz definiu o pastor como sua “alma gêmea”. Agradecido, Everaldo garantiu que cederá a legenda para Witzel concorrer ao Planalto. Ele arriscou uma candidatura própria em 2014, mas não se deu bem. Recebeu menos de 1% dos votos.
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