Por Fabio Murakawa | Valor Econômico
BRASÍLIA - “A preocupação de todos nós deverá se voltar um pouco mais ao sul, na Argentina”, sustentou o presidente Jair Bolsonaro durante uma cerimônia de formatura de turma do Instituto Rio Branco, no Itamaraty, justicando "pelo fato de quem deverá voltar a comandar aquele país".
Bolsonaro se referia à ex-presidente Cristina Kirchner que aparece na frente do atual mandatário, Mauricio Macri, em pesquisas de intenção de voto para a próxima eleição argentina.
O brasileiro, porém, não mencionou Cristina nominalmente. “Não queremos e ninguém quer uma outra Venezuela no nosso continente”, resumiu.
Durante seu discurso a futuros e atuais diplomatas, o presidente afirmou que a atuação das Forças Armadas é complementar à da diplomacia. “Quando os senhores falham, entramos nós, das Forças Armadas”, disse. “E torcemos muito para nós não entrarmos em campo.”
"Quando acaba a saliva, entra a pólvora. Não queremos isso", disse. "Temos que tentar solucionar os conflitos de forma pacífica. Se não tiver como resolver um hipotético conflito, o país decide se vai para as últimas consequências ou não."
Especificamente sobre a situação na Venezuela, Bolsonaro disse que é preciso enfraquecer o Exército daquele país para depor o regime de Nicolás Maduro. Para isso, ele aposta em "fissuras" na base das Forças Armadas venezuelana.
"A gente espera que essa fissura que está na base do Exército [da Venezuela] vá para cima. Não tem outro jeito", afirmou Bolsonaro em entrevista coletiva no Ministério das Relações Exteriores. "Se você não enfraquecer o Exército da Venezuela, Maduro não cai."
O presidente negou intenção de conversar com Maduro em busca de uma saída para a crise venezuelana. “Não tem o que conversar com ele; o que nós queremos, ele não vai querer”, afirmou.
Questionado sobre se isso se aplica à Venezuela, ele voltou a dizer que está mais preocupado com a Argentina. "Não [é o caso da Venezuela]. A minha maior preocupação é com a Argentina hoje em dia", afirmou.
Quanto ao país governado por Maduro, ele reafirmou que a atuação "vai no limite do Itamaraty", ou seja, da diplomacia.
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