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Um presidente incidental
Jair Bolsonaro comporta-se como se pouco ligasse para o destino do seu governo. Jamais imaginou que se elegeria. Atribui sua eleição a Deus que o salvou também da morte em Juiz de Fora.
Não estava preparado para governar, e a essa altura até o boy da Avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo, admite isso, quanto mais o patrão dele que apostou todas as suas fichas no capitão.
Não estava preparado e não se esforça para ficar. Faltam-lhe paciência e gosto para as exigências do cargo. Carece de um plano mínimo de governo. Vai tocando de qualquer jeito, aos trancos.
Se conseguir chegar ao fim, bom para ele e para seus filhos, não necessariamente para o país. Se conseguir chegar em razoável estado, melhor. Poderá então influir na escolha do seu sucessor.
Mas se chegar mal já sabe o que fazer. Jogará a culpa nos adversários, no PT de preferência. E irá desfrutar da vida com os benefícios de deputado federal e de presidente aposentado.
Se por qualquer razão for impedido de concluir o mandato, e a hipótese existe, não será o fim do mundo. Para um capitão punido por indisciplina e conduta antiética, foi longe demais.
Passará então à história como um presidente incidental de triste memória. O país é que terá perdido com seu insucesso. Ele, não. De todo jeito sairá no lucro.
Decreto marcado para morrer
Só uma lei pode modificar outra
Outra coisa não poderia ter dito o ministro Onyx Lorenzoni, da Casa Civil. Ele assegura que o decreto presidencial que ampliou o porte de armas é perfeitamente legal, e assim será reconhecido.
Mas no Congresso e nos corredores do Supremo Tribunal Federal são poucas as almas que acreditam nisso. Não somente lá, mas também no Ministério da Justiça e da Segurança Pública.
A conclusão nesses lugares é uma só: o decreto do presidente Jair Bolsonaro fere o Estatuto do Desarmamento, aprovado pelo Congresso. E somente uma nova lei poderia modificar a que existe.
Bolsonaro não liga. O decreto foi baixado com dois objetivos: tirar o foco da briga do autoproclamado filósofo Olavo de Carvalho com os militares. E saldar uma dívida de campanha do capitão.
Se for para o lixo, Bolsonaro dirá aos seus eleitores que fez o que prometera – a culpa será do Congresso ou da justiça. Dirá a mesma coisa se a reforma da Previdência acabar modesta demais.
O grau de compromisso de Bolsonaro com suas escassas ideias é mínimo. E com ideias de outros, nenhum.
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