- O Estado de S.Paulo
O tsunami citado pelo presidente Jair Bolsonaro provocou curiosidade na Praça dos Três Poderes. Afinal, o que ele quis dizer quando afirmou que talvez tenhamos uma onda gigante na semana que vem? Sem o vice Hamilton Mourão para “traduzir” frases enigmáticas de Bolsonaro – como fazia antes de ser bombardeado pelo vereador Carlos, o “zero dois” –, a legenda desta vez não apareceu após o discurso, mas o Congresso vestiu a carapuça.
Nos bastidores, deputados e senadores avaliaram que Bolsonaro prepara uma espécie de “vacina” para jogar a culpa no Legislativo, se não conseguir aprovar a reforma administrativa, prevista na medida provisória que até hoje não foi votada.
A MP diminui o número de ministérios de 29 para 22 e, se não passar até 3 de junho, a Esplanada será desfigurada. Nesse cenário, todas as fusões de pastas serão desfeitas e aí, sim, haverá uma “balbúrdia”, termo em moda ultimamente. Um tsunami para ninguém botar defeito.
O problema é que o governo nada fez, até hoje, para evitar esse desfecho. Sem reação, o Planalto viu o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sair das mãos do ministro da Justiça, Sérgio Moro, e migrar para a Economia. A ordem era votar a MP no plenário da Câmara, assim mesmo. Não deu. Agora, outras medidas devem ser apreciadas antes, atrasando o cronograma.
Diante de tanta confusão, até aliados dizem que o Planalto também quer tirar o Coaf de Moro, sem deixar digitais na manobra. Ao que tudo indica, há mesmo um tsunami por vir, mas o governo tenta a todo custo virar essa rota para o Congresso.
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