- Folha de S. Paulo
Tentativa de Bolsonaro e Moro de mostrar que ainda é possível colar os caquinhos é trégua de araque
O teatrelho de Jair Bolsonaro e Sergio Moro nos salões do Palácio do Planalto na quinta-feira (29) tapeia poucos. Blandícias em excesso num esforço para demonstrar publicamente que ainda é possível colar os caquinhos depois de todo o desgaste da relação entre o presidente e seu (ex-super) ministro da Justiça. Trégua de araque.
Na Polícia Federal, o clima se deteriora progressivamente desde que Bolsonaro atropelou Moro e declarou que poderia trocar superintendente, diretor-geral e o escambau. Não há superbonder que dê jeito nisso. Aliás, a ausência de Maurício Valeixo (o DG) foi notada na plateia da ópera-bufa encenada por Jair e Sergio no palco palaciano. Na véspera do evento, sua permanência no cargo fora reafirmada por um ministro pouco convicto ("as coisas eventualmente podem mudar").
Segue em aberto o que ocorrerá com o posto de xerife do Rio --onde está o caso do recém-localizado Fabrício Queiroz, PM aposentado e ex-assessor de Flávio Bolsonaro (o 01). O então superintendente foi apeado do cargo por suposta improdutividade, e Valeixo chegou a indicar um sucessor, quando o presidente da República resolveu meter a colher. Com a interferência, a cúpula da PF ameaçou rebelar-se e disse não abrir mão do nome escolhido.
De lá para cá, vem estranhamente amarelando. Nos bastidores, fala-se em esperar a "poeira baixar", submetendo o processo a um indefinido banho-maria. Ademais, deixou de ser visto como sacrilégio pela polícia um veto presidencial ao indicado pelo diretor-geral, pois não se trataria de intromissão inédita --o silêncio que precede o bote?
Por coincidência, o espírito dentro dos muros do Planalto também é o de recolher os flaps e aguardar.
"Me engana que eu gosto. Bolsonaro ensaia paz com Moro. Conheço a figura, voltou atrás e deixou o chefe da PF, Valeixo, no cargo. Mas podem estar certos, questão de tempo. Baixou a poeira, Valeixo roda", profetiza um ex-aliado nas redes. Alexandre Frota corre o risco de acertar.
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