- Folha de S. Paulo
Proposta de defensores é começar a transição pela desoneração da folha de pagamento
A ideia do imposto único sobre transações financeiras é tão ruim que custa crer que três décadas depois ela esteja sendo novamente debatida a sério.
Num momento de juros baixos e cadentes, então, a proposta muda de categoria —de ruim para péssima.
As principais críticas são bem conhecidas: a cobrança atinge de maneira mais intensa as cadeias produtivas mais complexas e estimula a informalidade.
Mais palpável é o atraso do "imposto do atraso", na definição do presidente do Itaú Unibanco, Candido Bracher, quando se observam suas implicações no dia a dia.
Como obviamente ninguém vai ficar parado esperando sua vez de perder dinheiro, cada empresa e cada pessoa procurará, dentro das possibilidades legais, elidir oportunidades de mordida do fisco.
Quem puder receber pagamentos em dinheiro e manter essas cédulas fora do sistema financeiro assim o fará. O que significa andar por aí com carteira cheia —ou seja, estaremos construindo o piso superior do paraíso dos ladrões que já é o Brasil.
Digitalização da economia logo parecerá so last year. Compras pela internet ficarão menos atrativas. Aplicativos de comida e transporte? Só se o entregador e o motorista tiverem troco.
Competição bancária também vai ficar mais difícil. Quem quiser procurar uma instituição financeira mais atraente para aplicar seu dinheiro terá de pensar 2,5% a mais do que antes.
A turma que põe o imposto único na mesa quer comer o bolo e ficar com o bolo. A proposta do Instituto Brasil 200, o grupo de empresários que propagandeia a ideia, é começar a transição para o imposto único pela desoneração da folha de pagamento.
Se por acaso adiante as contas não fecharem e o governo não puder abrir mão de outros tributos, o problema maior dos empresários já fica resolvido, pois. Nesse debate do imposto, o único que salta aos olhos são as espertezas.
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