Alcolumbre avalia que as eleições municipais do ano que vem servirão como uma prévia para a disputa presidencial
Por Daniel Gullino e Marco Grillo | Valor Econômico
BRASÍLIA - Em meio à polarização política, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), aposta na possibilidade da consolidação de uma terceira via, de centro, para as eleições de 2022.
Alcolumbre avalia que as eleições municipais do ano que vem servirão como uma prévia para a disputa presidencial, já que o fim das coligações proporcionais deve levar a uma redução no número de partidos, que, por sua vez, influenciará as alianças nos pleitos seguintes.
A esquerda vai ter 25% dos votos, a extrema-direita, 25%, e partidos de centro, centro- direita, os outros 50%”
“A gente vai ter a fotografia, na eleição municipal, do que vai ser a eleição nacional”, afirma o presidente do Senado. “Porém, do meu ponto de vista, a esquerda vai ter 25% dos votos, a extrema-direita, liderada pelo PSL, talvez tenha também 25% dos votos, e vai acabar (com) esses partidos de centro, centro-direita, ficando com esses 50%. Então acho que isso vai se refletir também na eleição geral de 2022”, diz o congressista.
Davi Alcolumbre considera ainda que é necessário no cenário atual encontrar um nome que aglutine eleitores que hoje estão nos dois extremos. Ele ressaltou que, se isso acontecer, esse candidato de centro terá condições de vitória.
“Se for possível construir uma alternativa que possa posicionar um nome, que possa aglutinar votos da extrema-direita para o centro, e que possa (ir) da extrema-esquerda um pouco mais para o centro, que possa trazer as duas pontas, talvez seja uma terceira via que possa vir a ter chance de disputar a eleição e vencer”, analisa.
Alcolumbre admite a existência de conversas sobre uma fusão do DEM, seu partido, com o PSDB e o PSD, mas afirma que isso não deve ocorrer já para a eleições de 2022.
Ele aposta, no entanto, em uma coligação entre as siglas, por elas não se encaixarem nem na extrema-esquerda nem na extrema-direita.
“Existem algumas conversas, que já foram divulgadas pela imprensa, de fusão de partidos. Acho que isso não vai acontecer para essa eleição”, avalia o presidente do Senado. “Mas, que vai ter uma aliança desses cinco, seis, sete partidos, para tentar buscar uma conciliação para essa candidatura, acho que vai. Porque não cabe a esses partidos nem a extrema-esquerda nem a extrema-direita. Eu acho que não cabe.”
A eleição municipal do ano que vem vai ser um balizador para as eleições gerais. Vão permanecer 12 ou 14 partidos"
O presidente do Senado prevê que o fim das coligações proporcionais, que passa a valer a partir das eleições do ano que vem, servirá como um “filtro” no número de partidos políticos, e que entre 10 e 14 siglas permanecerão relevantes.
“A eleição municipal do ano que vem vai ser um balizador para as eleições gerais. Com a proibição das coligações, vão acabar permanecendo no Brasil uns 12 ou 14 partidos, talvez, dos 34 que temos agora. Acho que vai acabar servindo como um filtro. Vai ser uma reforma política imposta, digamos assim, no voto, na urna, pelo fim das coligações”, afirma o presidente do Senado.
Alcolumbre defendeu a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) destinada investigar notícias falsas, conhecida como CPMI das fake news, como uma forma de diminuir as agressões e ameaças nas redes sociais, que, de acordo com ele, afetam a sociedade como um todo.
“O que eu quero do resultado da CPMI das fake news é que a gente possa dar um freio de arrumação nessas agressões e nessas ameaças que todos nós estamos sofrendo, homens públicos ou não. A sociedade, principalmente, é vítima dessas agressões ”, avalia o congressista.
Ele defende uma “legislação moderna” que norteie a atuação digital e transforme a internet em um meio de “conciliação”, e não mais de conflito.
“Eu quero que no final a gente possa sair com uma legislação moderna, que possa coibir essas distorções, e fazer desse instrumento da internet um instrumento de união, de divulgação, de conciliação. Não de agressão, de ameaça, que é o que a gente está vendo nas redes sociais, infelizmente”, diz.
O presidente do Senado lembrou que muitos dos responsáveis por ameaças utilizam perfis falsos e, com as agressões, afetam a liberdade das pessoas. “O que a gente não pode suportar mais são as ameaças nas redes sociais, que estão tirando o poder e a liberdade das pessoas. Estão todos ameaçados [por pessoas que estão] por trás de uma tela de computador, muitas das vezes com perfil falso. ”
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