- O Globo
Usando seus próprios termos, já passou da hora de se colocar o presidente Jair Bolsonaro no seu devido lugar
Os apoiadores de gravata
Ideologia não explica o apoio incondicional que alguns empresários dão ao presidente Jair Bolsonaro. Por mais conservadoras e atrasadas que sejam, é difícil entender por que pessoas como Flávio Rocha (Riachuelo), Sebastião Bomfim (Centauro), Edgard Corona (Smart Fit) e Otavio Fakhoury (investidor imobiliário) consideram natural e legítimo o discurso golpista que prega a intervenção militar com o fechamento do Supremo e do Congresso.
Neste cenário, todos perderiam, menos os amigos do golpista. E essa talvez seja a única explicação. Se o outro extremo do espectro político estivesse no comando, estes senhores estariam apoiando o Partido da Causa Operária? Mais fácil é entender a fala desembaraçada dos que têm boquinha no governo. Imagina o orgulho da família e a inveja dos amigos do presidente da Caixa. E nenhum problema também em compreender o que move os cretinos, como os três dos 300 que somavam menos de 30, e que estão presos. E os idiotas? Bom, estes são idiotas.
Quebra da espinha dorsal?
Os três zeros de Bolsonaro pressionam o pai em favor do maluquete Abraham Weintraub. Defendem um dos expoentes do grupo ideológico que bebe na fonte do terraplanista de Richmond, o guru que mandou Bolsonaro enfiar naquele lugar a medalha da ordem de Rio Branco que lhe concedeu em maio do ano passado. Bastou Bolsonaro dar sinais de que demitiria o ministro da Educação, depois deste ter reiterado a ofensa em forma de ameaça vã aos ministros do STF, para os zeros se alinharem a favor do ministro e contra o pai.
Estaria sendo quebrada a espinha dorsal da família? Pode ser, e este seria o começo do fim, já que um alimenta o outro naquela cadeia de ódio que formam. Mas há quem veja de modo diferente. Seria apenas encenação para dar alguma compensação para o estorvo número um. Weintraub deixaria o ministério convencido de que tem o apoio da família, apesar de ter sido demitido, e os extremistas militantes também seriam desta forma tranquilizados. O problema é saber se esta turma é tão pragmática assim e se consegue ser politicamente inteligente.
Setembro, outubro ou novembro
O ministro da Economia deu outro dia um prazo para o início de um novo Brasil. Vai começar, segundo sua excelência, lá por setembro, outubro ou novembro. Muito preciso este nosso Paulo Guedes. Ele poderia ter acrescentado que se não for por aí, será no máximo em dezembro, janeiro ou fevereiro, ou quem sabe em março. Previsão é com ele mesmo.
E os servidores?
O Congresso aprovou Medida Provisória que permite estender por 30 dias a redução de salários e jornadas de trabalho dos empregados em empresas privadas. Nada contra, é hora grave e toda a nação deve colaborar, inclusive os servidores públicos. Mas, por que diabos estes não colaboram? O máximo que se conseguiu foi proibir o reajuste dos seus salários até o final do ano que vem. Nenhuma novidade para grande parte dos empregados privados, que já têm salários congelados há dois ou três anos. Sem contar as demissões, que não alcançam os estáveis funcionários.
À exceção dos profissionais da saúde, todos os demais servidores deveriam também ter corte de 25% nos seus salários e em suas jornadas de trabalho. Certo? Então por que isso não ocorre? Porque o lobby do funcionalismo amedronta e paralisa presidentes, governadores, deputados e senadores desde o tempo em que o servidor público era chamado de barnabé.
Um milhão amanhã
A gripezinha alcança amanhã um número histórico no Brasil. Chegará à casa do milhão. Será uma sexta inesquecível.
Está chegando a hora
Usando seus próprios termos, já passou da hora de se colocar o presidente Jair Bolsonaro no seu devido lugar. Suas ameaças subliminares não assustam mais. São tão repetidas que se tornaram banais. São tão inócuas que servem apenas para estimular os cretinos que soltam foguetes sobre o STF ou os idiotas que portam cartazes pedindo intervenção militar.
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