- O Globo
Autor de um livro com acusações a Trump, o conservador John Bolton está prestes a entrar na lista dos comunistas. No Brasil Sergio Moro enfrenta situação parecida
Em novembro de 2018, um assessor de Donald Trump baixou no condomínio Vivendas da Barra para visitar um morador ilustre. Ao recebê-lo na porta, o dono da casa 58 prestou continência. Foi o primeiro ato da sua relação de vassalagem com os Estados Unidos.
Conservador radical, Bolton era o poderoso assessor de Segurança Nacional da Casa Branca. Tempos depois, deixaria o cargo por discordar da aproximação de Trump com a Coreia do Norte. Agora ele vai lançar um livro repleto de acusações ao ex-chefe.
Os jornais americanos já publicaram alguns trechos da obra. Numa passagem explosiva, Bolton afirma que Trump pediu ajuda à China para se reeleger. O republicano também teria interferido em investigações para favorecer ditadores amigos. “Seu padrão parecia ser a obstrução de Justiça como modo de vida, o que não poderíamos aceitar”, escreve o autor.
A Casa Branca tentou proibir a publicação das memórias. A editora Simon & Schuster reagiu com um slogan irresistível: “O livro que Donald Trump não quer que você leia”. O lançamento ainda não chegou às livrarias e já lidera as vendas on-line. Agora Bolton arrisca ser incluído na lista oficial dos comunistas.
No Brasil, Sergio Moro enfrenta situação parecida. Depois de colaborar com a ascensão do bolsonarismo, o ex-juiz caiu em desgraça com o clã presidencial. Já foi chamado de tudo, até de simpatizante do PT.
Ontem o vereador Carlos Bolsonaro voltou a atiçar o gabinete do ódio contra o ex-aliado. “E pensar que o start de toda essa angústia que o Brasil está passando foi dado por Sergio Moro...”, tuitou.
Bolton já sabia dos fatos que relata no livro, mas se negou a depor no processo de impeachment contra Trump. Moro também sabia quem era o capitão, mas defendeu sua honradez em troca de um ministério e uma promessa de vaga no Supremo.
Na terça-feira, o ex-juiz disse ao “Valor Econômico” que o governo Bolsonaro “não se empenhou” no combate à corrupção. Ele participava de tudo, mas levou um ano e quatro meses para notar.
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