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O hospedeiro de Queiroz é um péssimo contador de histórias
Nas últimas 72 horas, o advogado Frederick Wassef, afastado da defesa em vários casos do presidente Jair Bolsonaro e do seu filho Flávio, disse uma coisa, depois disse outra e, por fim, disse o contrário do que havia dito pela primeira vez. Melhor que se cale para sempre. Ou então que só volte a falar se for para esclarecer fatos novos, não para confundir.
Fabrício Queiroz, amigo de Bolsonaro há mais de 30 anos, escalado por ele para cuidar de Flávio como deputado estadual no Rio, foi preso na manhã da última quinta-feira na casa de Wassef em Atibaia, interior de São Paulo. Estava ali há mais de um ano. Depois de passar um dia fugindo de jornalistas, Wassef reapareceu para negar que Queiroz estava escondido na sua casa.
Sim, foi isso o que ele teve o desplante de dizer. Contrariou o que o país viu na televisão e nas redes sociais, e, como se não bastasse, contrariou o que Bolsonaro revelara na noite da quinta-feira em sua live semanal no Facebook. O presidente afirmou que Queiroz estava em Atibaia porque se tratava de um câncer em um hospital perto dali. Em seguida, foi desmentido pela direção do hospital.
Como Queiroz poderia ter-se hospedado na casa de Atibaia onde foi preso sem que o dono da casa soubesse? Wessef respondeu que no futuro daria explicações satisfatórias. O futuro foi ontem. Em entrevista ao jornal do SBT, Wassef alegou “questão humanitária” para ter abrigado Queiroz de quem nunca foi advogado. E voltou a repetir que jamais informou Bolsonaro sobre isso. Nem Flávio.
Uma história sem pé nem cabeça como essa não será bem aceita quando ele for intimado a depor ao Ministério Público do Rio que investiga as trapaças da dupla Flávio-Queiroz. Que Wassef não caia também na besteira de negar que soubesse dos negócios entre sua ex-mulher, a empresária Maria Cristina Boner, e o governo Bolsonaro. Foi na casa dela que ele se trancou na quinta-feira.
Empresas ligadas a Cristina Boner têm contratos milionários com o governo federal, embora no passado ela tenha sido condenada por improbidade administrativa e proibida de fechar acordos com o setor público. Uma das empresas recebeu quase 42 milhões de reais desde janeiro do ano passado. A Gloobalweb Outsourcing tem contratos em vigor que somam mais de 250 milhões.
Outra empresa no nome de uma das filhas de Cristina, Bruna Boner, a Dinamo Networks, foi selecionada para fornecer módulos de segurança criptográfica do novo sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central. O contrato assinado há um ano é de R$ 1 milhão. Cristina também responde a processo na 7ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Distrito Federal.
O Ministério Público pediu que ela fosse condenada a 15 anos e dez meses de prisão por 168 acusações por corrupção ativa, além do pagamento de R$ 43 milhões de reparação aos cofres públicos. O advogado Paulo Emílio Catta Preta, que assumiu a defesa de Queiroz, defende Cristina em dois processos. Os Bolsonaro agradeceram os serviços prestados por Wassef e o dispensaram.
Congresso monta uma armadilha para pegar Bolsonaro
A hora agá de Paulo Guedes
Se depender de Rodrigo Maia, presidente da Câmara, e de líderes dos principais partidos no Congresso, será de 600 reais a quarta e a quinta parcelas do auxílio emergencial repassado pela União aos brasileiros mais pobres durante a pandemia do Covid-19.
O presidente Jair Bolsonaro anunciou que vetará qualquer valor acima de 300 reais: “A União não aguenta outro desse mesmo montante que por mês nos custa cerca de R$ 50 bilhões. Se o país se endividar demais, vamos ter problema”.
Bolsonaro repete o que ouve de Paulo Guedes, ministro da Economia. Se dependesse só dele, concordaria com o valor de 600 reais e até mesmo com o pagamento do auxílio pelo menos até o fim do ano. Para a popularidade dele, nada haveria de melhor.
Pesquisas sobre o desempenho do presidente no combate à pandemia mostram que sua aprovação cresceu entre os mais pobres no Norte e no Nordeste e caiu entre os mais ricos no Sudeste e no Sul. Entre esses, aumenta o apoio a Sérgio Moro
Bolsonaro teme perder o que ganhou com o pagamento do auxílio emergencial. Guedes teme que sua política fiscal vá para o brejo se Bolsonaro decidir a parada com a cabeça de candidato à reeleição. Para o Congresso, tanto faz como tanto fez.
Primeiro, porque se Bolsonaro vetar os 600 reais, o Congresso poderá derrubar o veto e faturar com isso. Se não derrubar, o desgaste do veto será debitado unicamente na conta de Bolsonaro.
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