- Folha de S. Paulo
É imperioso acatar e respeitar a decisão da maioria, desde que todos se sintam, e de fato estejam, representados
Todo dia é dia de democracia e democracia é todo dia. Pode parecer óbvio, mas não é. Tanto que terça (15) é comemorado o Dia Internacional da Democracia, data instituída pela ONU há uma década. Considerando que há inimigos da democracia por quase toda parte, criar uma data para celebrar o valor universal do regime cujas origens remontam à Grécia antiga é uma iniciativa tanto oportuna quanto necessária.
Em tempos de polarização extremada, a democracia enfrenta opositores de peso. Não há como negar que o radicalismo é um poderoso inimigo do diálogo e da tolerância, marcas registradas de toda democracia que se preze.
Preconceito e sub-representação de qualquer natureza também são poderosos inimigos da democracia. Vale o mesmo para o cerceamento de informação. Como destacam os autores do best seller “Como as Democracias Morrem”, quando importantes meios de comunicação são atacados, outros entram em alerta e passam a praticar autocensura.
Sem livre informação ou com desinformação, conquistas democráticas vão sendo pulverizadas, cria-se uma versão única para os fatos e é desencadeado um retrocesso que atinge em cheio direitos adquiridos geralmente a duras penas.
A robustez e o vigor da democracia dependem de que todos os cidadãos reconheçam e aceitem que nem sempre suas vontades, crenças ou convicções poderão prevalecer. E que isso não é ruim. Ao menos não necessariamente. O imperioso é acatar e respeitar a decisão da maioria, desde que todos se sintam —e de fato estejam— representados.
Democracia não se resume a escolhas periódicas pelo voto. Sim, o voto é instrumento essencial para a prática democrática. Mas não é tudo. Democracia é também e sobretudo o exercício constante da participação, do diálogo, da tolerância, da compreensão das diferenças e da consideração de ideias distintas. Sem faccionalismo, sem exclusão e sempre à luz da verdade dos fatos.
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