“Não há dúvida
de que as “ideologias” têm para Gramsci peso maior do que para qualquer outro
pensador marxista, mas afirmar que “tornam-se o momento primário da história”
equivale a inserir seu pensamento nos quadros conceituais da “filosofia do
espírito” de Benedetto Croce. É verdade que Bobbio aplica ao pensamento
gramsciano um paradigma dicotômico
(estrutura/superestrutura) que não se lhe adapta. A “distinção entre sociedade
política e sociedade civil” – escreve Gramsci – é uma “distinção metodológica”,
não “orgânica”. “Sociedade
civil e Estado se identificam na realidade dos fatos”. É um dos trechos mais
conhecidos do Caderno 13, no qual
Gramsci polemiza com o liberalismo porque, considerando “orgânica” o que
deveria ser uma distinção “metodológica”, contrapõe o mercado ao Estado,
ignorando que “também o liberismo é uma ‘regulamentação’ de caráter estatal,
introduzida e mantida por via legislativa e coercitiva”[1].
Além disso, para Gramsci, a distinção entre estrutura e superestrutura é de
caráter “metodológico”, tanto que a “metáfora arquitetônica”, em certo momento,
cede o passo a outras conceituações.”
*Giuseppe Vacca, Modernidades
alternativas. O século XX de Antonio Gramsci, Brasília/ Rio de Janeiro:
FAP/ Contraponto, 2016, p. 267
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