“Protagonizamos uma incompletude:
nossa democratização não se estabeleceu de fato, não se concluiu, por mais que
tenhamos avançado. A sociedade não a digeriu, não a incorporou ao seu DNA.
Jamais nos desgarramos das bases do retrocesso. A “Constituição cidadã”, uma
conquista democrática, não chegou a ser propriamente assimilada pelos diversos
interesses.
Não é só o governo retrógrado que
perturba, nem somente o capitalismo, o desemprego e a desigualdade. Disputas
estéreis dividem os democratas. Há muitos problemas em termos de valores,
ideias e atitudes. Estamos sem perspectiva.
Lutar contra essa crise passa por dar
murros em pontas de faca. Sangrar sem esmorecer. Resistir, hoje, significa
antes de tudo não perder a trincheira do diálogo, da argumentação serena e
generosa. Para reunir as forças.”
*Professor titular de teoria política da Unesp, “Sangrar sem esmorecer”, O Estado de S. Paulo, 26/9/2020.
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