Com Jilmar Tatto candidato a prefeito, partido pode ficar fora do segundo turno
Três vezes administrado pelo PT, o município de São Paulo sempre foi fundamental para as pretensões nacionais do partido. A vitória de Marta Suplicy em 2000, por exemplo, ajudou a pavimentar a eleição presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva dois anos mais tarde.
É bastante simbólica da redução da força nacional do partido, portanto, a situação melancólica em que o PT se encontra atualmente na maior cidade do país.
Seu candidato a prefeito, o ex-deputado federal Jilmar Tatto, é conhecido mais por ser um representante da velha política clientelista, sobretudo em seu reduto da Capela do Socorro (zona sul), do que por ter ideias inovadoras para resolver os problemas da cidade.
Sua campanha, ao menos por enquanto, não inspira nem mesmo a audiência cativa petista. O partido sempre ganhou suas eleições na cidade partindo de uma base sólida entre o eleitorado de perfil progressista, que foi sendo ampliada aos poucos para atrair redutos da classe média.
Agora, Tatto tem concorrente de peso na esquerda paulistana, representado por Guilherme Boulos (PSOL), líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto).
Ex-presidenciável, com expressão nacional e proximidade junto a segmentos da intelectualidade e do setor cultural, Boulos vem corroendo parte do apoio que tradicionalmente foi dado ao PT.
Muitos dos que se bandearam para o lado do psolista são próximos do próprio Lula, como seu ex-chanceler, Celso Amorim, e seu ex-porta-voz André Singer.
O ex-presidente, que mantém relação política e pessoal próxima com Boulos, vê-se em meio a um dilema. Tentou convencer o ex-prefeito Fernando Haddad a uma candidatura quixotesca, para pelo menos preservar a força do PT e tentar chegar ao segundo turno. Sem sucesso, está agora obrigado a apoiar Tatto, apesar de todos os sinais de malogro.
A vitória na atual circunstância, ainda num momento de forte sentimento antipetista e com reflexos duradouros da onda conservadora que elegeu Jair Bolsonaro em 2018, é considerada pouco realista.
O principal temor agora não é nem ser excluído do segundo turno, mas ficar atrás do candidato do PSOL, partido que nasceu de uma dissidência petista, em 2005.
Precipitou-se quem achava que o PT paulistano havia atingido o fundo do poço em 2016 ao ser liquidado por João Doria (PSDB).
Em suma, são inegáveis os indícios de que o ambiente é favorável às reformas; a liderança parlamentar é reformista. O governo não tem se mostrado à altura.
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