Eleição
histórica, mas não decisiva
Na noite de 4 de novembro de 2008, minutos depois de Barack Obama ter feito o discurso da vitória, começou nas redes sociais a articulação para eleger um presidente de direita. Para a eleição seguinte não deu – Obama foi reeleito com folga.
Mas
deu para a próxima quando o empresário do ramo imobiliário e astro de televisão
de nome Donald Trump derrotou a candidata democrata Hillary Clinton, duas vezes
primeira-dama dos Estados Unidos e senadora pelo Estado de Nova Iorque.
A
primeira eleição de Obama pode ser considerada histórica. Foi o primeiro
presidente negro. A de Trump pode ser tachada de eleição improvável,
surpreendente. Nem ele acreditava que fosse possível. Entrou na Casa Branca sem
saber o que fazer.
Deverá
sair por sua culpa. Subestimou a pandemia do coronavírus que já matou mais de
235 mil americanos, e que somente ontem registrou 100 mil novos casos, o que
levou as pessoas a anteciparam seus votos e a votarem pelo Correio.
A
eleição de Joe Biden não surpreenderá. Foi prevista pelos institutos de
pesquisa. O desempenho de Trump foi que surpreendeu, mais vigoroso do que se
imaginava. Histórica, esta eleição é pelo número gigante de americanos que
votaram.
Discute-se
se será uma eleição decisiva para definir novos rumos a serem trilhados pelo
país com Biden à frente. Tudo indica que não. Os Estados Unidos continuarão
rachados quase ao meio. E seus dois principais partidos sem condições de
governar direito.
Biden
apresentou-se como o presidente de todos os americanos. É isso o que ele
gostaria de ser. Trump, como presidente da parcela dos americanos que se alinha
às suas ideias. Trump perdia até esta madrugada. O trumpismo continuará vivo.
Os
Estados Unidos ainda são a maior potência econômica e militar do mundo, mas tal
condição está com seus dias contados. A economia chinesa superará a americana
até o final deste ano. A China já é a maior potência tecnológica do planeta.
Não
importa quantos mísseis os Estados Unidos tenham a mais – os da China seriam
suficientes para provocar grandes estragos. O que inviabiliza a guerra atômica
é a capacidade de destruição mútua. A paz armada mantém o mundo relativamente
em paz.
Não
haverá paz interna nos Estados Unidos porque a radicalização ideológica, não só
ali, veio para ficar ou para durar muito tempo. A divisão está na essência do
sistema bipartidário. Os brancos de raiz não se conformam com a perda de sua
supremacia.
A
herança de Trump será pesada. Nunca antes na história dos Estados Unidos a
democracia foi tão solapada. Trump contribuiu para corroer seus dois principais
pilares: a confiança e a verdade. Sabotou um dos valores fundadores do país.
Democratas
e republicanos não conseguem se mover para além de suas caixas. Por mais
experiente, afável, experiente e habilidoso que possa ser, Biden terá
dificuldades para governar com um Senado e uma Suprema Corte sob controle dos
adversários.
Obama
foi melhor presidente fora do que dentro. Seu primeiro mandato foi melhor do
que o segundo porque os republicanos barraram todas as suas iniciativas.
Clinton, que o antecedeu, emporcalhou o vestido da estagiária Monica Lewinsky.
Biden
será o presidente americano mais velho a assumir o cargo. Pela idade, natural
que tenha uma saúde frágil. Seu substituto é uma mulher, negra, senadora
brilhante. Chegou a Washington há apenas 3 anos. É uma estreante nas altas
rodas do poder.
Deus
salve a América!
Queiroz assumirá a culpa pela rachadinha para salvar Flávio
Ele
não tem muito o que perder
É,
vai sobrar para Fabrício Queiroz. E, por tudo que vaza do terceiro andar do
Palácio do Planalto, onde funciona o gabinete do presidente Jair Bolsonaro,
Queiroz está disposto a assumir sozinho a responsabilidade pelo que aconteceu,
livrando o senador Flávio Bolsonaro, o Zero Um, de qualquer culpa.
Flávio
foi denunciado por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa no
caso do esquema da rachadinha à época em que foi deputado estadual no Rio. Sua
situação agravou-se com o depoimento prestado ao Ministério Público pela
ex-funcionária Luiza Souza Paes. Ela confessou tudo.
Contou
que durante seis anos devolveu quase todo o salário a Queiroz, pelo menos 90%
da remuneração, benefícios do cargo e até a restituição do imposto de renda.
Como ela, dezenas de outros servidores do gabinete de Flávio na Assembleia
Legislativa. Luiza apresentou comprovantes dos depósitos para Queiroz.
O
Ministério Público tem provas de contas pessoais de Flávio e da sua mulher
Fernanda pagas regularmente por Queiroz. E de transferência de dinheiro feitas
por Queiroz para Flávio. No mínimo 89 mil reais foram depositados por Queiroz e
sua mulher Márcia na conta de Michelle Bolsonaro, a primeira-dama.
Se
a denúncia do Ministério Público for aceita pela justiça, Flávio virará réu. E
para salvá-lo de uma condenação, Queiroz dirá que a culpa foi unicamente sua.
Por que fará isso? Porque é amigo de Bolsonaro, o pai, desde os tempos de
quartel. A ele e aos filhos deve muitos favores. De resto, quer proteger sua
própria família.
Assim como o abrigaram em um sítio de Atibaia do advogado Frederick Asseff, e deram um jeito para que fossem pagas todas as suas contas quando foi obrigado a desaparecer, os Bolsonaros se comprometem em seguir amparando Queiroz até o fim de sua vida. Queiroz está doente. Se condenado, pegará uma pena leve.
Nenhum comentário:
Postar um comentário