Com
depoimento de ex-assessora, fica difícil negar festa com dinheiro público na
Assembleia
Em
agosto de 2011, Fabrício Queiroz não tinha ideia de que Jair Bolsonaro se
tornaria presidente da República. Na época, o policial militar aposentado
conduzia normalmente os negócios de um dos gabinetes da família. Uma nomeação
que ele acertou naquele mês ressurge
como um fator de risco para o clã que agora comanda o Planalto.
Uma
ex-assessora de Flávio Bolsonaro admitiu a investigadores do caso da rachadinha
na Assembleia Legislativa do Rio que devolveu quase todo o salário para Queiroz
por seis anos, como noticiou o jornal O Globo. Luiza Sousa Paes disse que
repassava 90% da remuneração, os benefícios do cargo e até a restituição do
imposto de renda.
Com
a confissão, fica mais difícil
esconder a festa com recursos públicos que, segundo os promotores,
corria no gabinete do filho do presidente. A ex-assessora apresentou
comprovantes dos depósitos para Queiroz e ainda se comprometeu a restituir a
pequena parcela do dinheiro que ficou com ela no fim das contas.
As
explicações escorregadias dadas por Flávio, que
foi denunciado pelo Ministério Público, são sinais do tamanho do
problema. Os advogados disseram que “ele desconhece” operações realizadas na
Assembleia e que as contratações em seu gabinete seguiam as regras, “até onde o
parlamentar tem conhecimento”.
O
filho do presidente dobra a aposta ao concentrar a responsabilidade pelo
esquema em Queiroz –um sujeito que, meses atrás, estava escondido na casa de um
advogado da família. A defesa ainda precisará convencer a Justiça de que não há
conexão entre a verba pública que abastecia o ex-assessor e os 63 boletos de
Flávio que ele quitou em espécie.
Um novo trecho do mapa do dinheiro ficou mais nítido com o testemunho da ex-assessora. O que deve apavorar a família presidencial são os caminhos que ainda serão desenhados e que se aproximam do Palácio do Planalto. Esses traços podem explicar os R$ 89 mil que Queiroz e sua mulher repassaram para a primeira-dama Michelle Bolsonaro.
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