É
boa a notícia de que técnicos da Anatel não restringiram participação da Huawei
Foi
o casamento entre desenvolvimento tecnológico e economia de mercado que, a partir
de fins do século 18, lançou o planeta numa era de prosperidade material sem
precedentes.
Em
tese, pode-se ter um sem o outro, mas é quando caminham juntos que os efeitos
sinérgicos se materializam. Vale lembrar que a URSS detinha tecnologia de ponta
em algumas áreas, mas, ainda assim, soçobrou por causa da economia.
À luz dessas considerações, nem haveria o que pestanejar em relação ao 5G. Se a tecnologia da chinesa Huawei é reconhecidamente melhor e mais barata do que a dos concorrentes e se um eventual veto à sua participação ainda exigiria refazer grande parte da infraestrutura de 3G e 4G, parece ilógico não incluir os chineses entre os fornecedores de equipamentos de 5G para o Brasil.
Não
digo que outras questões, como a segurança nacional, não possam entrar na
equação. Mas elas precisam ser reais e categóricas o bastante para justificar
abrir mão do ganho econômico que teríamos com a participação da Huawei.
E
não penso que sejam. O temor de espionagem é justificado, mas não apenas em
relação aos chineses. O caso documentado mais recente de bisbilhotagem contra
nossas autoridades leva a assinatura dos norte-americanos.
O
remédio contra isso não é sonhar com uma rede telefônica inexpugnável, mas,
pelo menos no caso do alto escalão, recorrer à criptografia avançada e a
melhores rotinas de segurança. Quanto ao público geral, é possível e até
provável que esteja mais interessado em preços baixos do que em proteção a
dados pessoais, que, aliás, entrega com gosto e de graça às big techs.
Nesse cenário, é boa a notícia de que a área técnica da Anatel não restringiu a participação da Huawei. Se Bolsonaro quiser tirar os chineses da jogada, terá de escancarar que o faz por idiossincrasias suas. Decisões sem amparo técnico têm maior chance de ser revertidas a Justiça.
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