Comissão
pode investigar atos com impressão digital de Bolsonaro na pandemia
No
pedido de criação
da CPI da Covid, senadores anunciaram a apuração de "ações e omissões
do governo federal". O objeto formal da investigação não menciona nomes
específicos, mas nem precisava. Parlamentares dizem que um dos propósitos centrais
da comissão é expor os atos praticados diretamente por Jair Bolsonaro na
pandemia.
O presidente é o negacionista-chefe da equipe que administra o morticínio, mas sua imagem permanece intacta para uma parcela da população. Ainda que a reprovação a seu trabalho tenha crescido, o esforço esdrúxulo de Bolsonaro para se desviar de responsabilidades foi suficiente para ajudá-lo a preservar o apoio de cerca de 30% de brasileiros.
A
intenção de alguns dos senadores que devem participar da CPI é furar essa
blindagem. Eles pretendem usar a comissão para identificar ações que estejam
marcadas pela impressão digital do presidente e mostrar o impacto que elas
tiveram sobre o mau desempenho do país na contenção do vírus e na vacinação.
Essa
missão surgiu porque Bolsonaro é um profissional na arte de negar o que diz e
se esquivar de suas obrigações. O presidente mobilizou as engrenagens de
propaganda do governo para convencer a população de que nunca foi contra a
vacina, embora tenha sabotado os esforços nessa direção. Além disso, inventou a
tese falsa de que foi impedido pelo Supremo de fazer seu trabalho.
Na
CPI, senadores querem exibir provas de que o próprio Bolsonaro trabalhou contra
a compra de milhões de doses de imunizantes, desestimulou o uso de máscaras,
fez uma campanha agressiva contra medidas de distanciamento e usou a máquina
pública para produzir e recomendar a aplicação de medicamentos ineficazes
contra a Covid-19.
O presidente reagiu mal à decisão de instalar a CPI. O senador Renan Calheiros (MDB) afirma que o presidente só deve se preocupar se tiver cometido erros: "Se Bolsonaro fez tudo certo, como diz, ele não precisa se sobressaltar. A CPI vai concluir ou não pela responsabilidade dele".
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