Bruno
Góes / Globo
BRASÍLIA - O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que apresentou um requerimento pedindo que a CPI da Pandemia estenda a investigação também para estados e municípios, defende que a ampliação é uma questão de "coerên cia".
Nesta
terça-feira, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), vai ler o
requerimento de instalação da comissão. O possível aumento no escopo dos
trabalhos ainda será tema de análise pelos senadores.
Como
foi a reação ao pedido de ampliação do escopo da CPI da Pandemia?
Levando
em consideração a manifestação de vários colegas, imagino que não haja qualquer
dificuldade em fazer a ampliação do escopo. Muita gente gritou alegando que não
concordava com uma CPI que iria apurar apenas a esfera federal. Eu acho, por
uma questão de coerência, que é preciso ter uma oportunidade de apurar fatos
conexos com o inicial, que tenham repercussões estaduais e municipais, uma vez
que as responsabilidades são compartilhadas no Sistema Único de Saúde.
Essa
ampliação pode suscitar o questionamento de que não há mais fato determinado?
Isso pode inviabilizar a CPI?
Não
faz o menor sentido, porque a leitura e a instalação da CPI ocorrerão com base
do requerimento original. Tem muita gente que trabalha hoje num nível de
sectarismo tão grande, em que só vale qualquer iniciativa se for contra o
adversário do momento. Eu não trabalho assim. Em investigações, você não
trabalha focado numa pessoa, num alvo político. Investigações têm que ser
feitas sobre fatos. Eu não tenho dúvida de que vai haver potencial
responsabilização na esfera federal. Os fatos apontam neste sentido.
Há
críticos, como o senador Randolfe Rodrigues, que dizem que essa ampliação
servirá para que não se investigue nada. Como vê isso?
Digamos que eu tenha uma experiência a mais do que o Randolfe no tocante a investigações. E a questão da ampliação foi debatida no momento da coleta de assinaturas, em plenário, meses atrás. Não tem problema, a gente faz a instalação e depois discute a ampliação de escopo, desde que sejam fatos conexos, porque é muito óbvia a conexão das esferas. Eu entendo a posição do Randolfe, respeito. Mas acho que temos que respeitar a sociedade, que quer a garantia de que a apuração seja isenta de cores ideológicas.
Como
se dará o aval para esse pedido? Já conversou com o presidente Rodrigo Pacheco?
Ele
dá o encaminhamento. O aval não é individual. Esse encaminhamento deve ser
feito, e se já estiver instalada a comissão, vai para o presidente da comissão.
O presidente da comissão, então, faz a leitura e discute com o colegiado. Ou,
se o presidente Pacheco quiser colocar em plenário, também não há problema.
Há
senadores que não acham adequado o funcionamento virtual, em modelo híbrido, da
CPI. Como vê esse obstáculo?
Em alguns casos, me parece desconhecimento. Em outros, uma tentativa de juntar desculpas. A gente tem a possibilidade de fazer por sistema remoto, híbrido. A Justiça vem funcionando dessa forma, fazendo oitivas, interrogatórios, audiências. Nós estamos votando até alterações à Constituições por sistema remoto. Mas, se alguém, por excesso de preciosismo, ou ilusão de que há dificuldades, entender que tem que ser presencial, o Senado tem espaço mais do que suficiente para acomodar os onze membros. A gente não está falando de mil pessoas. Estamos falando de onze membros da CPI. Eventualmente, seus suplentes. O interrogado, o seu advogado, com todo distanciamento e medidas sanitárias. Então, a turma tem que melhorar a qualidade das desculpas.
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