Gustavo
Schmitt e Sérgio Roxo / O Globo
SÃO
PAULO - Enquanto uma eventual candidatura do governador de São Paulo, João
Doria, à Presidência da República não agrada algumas alas do PSDB e o
governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, é visto como inexperiente,
parlamentares do partido passaram, na última semana, a citar o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) como um nome
capaz de unir as forças políticas de centro em 2022.
Em
entrevista ao GLOBO, o presidente do PSDB, Bruno Araújo, convidou Tasso a se
colocar como candidato e fez uma série de elogios ao senador, que descreveu
como “um nome que transcende o PSDB”. O senador tucano, segundo aliados,
poderia atrair até Ciro Gomes (PDT), que foi seu sucessor no
governo do Ceará em 1990 quando ainda estava no PSDB, e com quem voltou a conversar.
O
PSDB tem prévias marcadas para outubro. No domingo, em entrevista ao jornal
“Folha de S. Paulo”, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (DEM), defendeu o nome de Eduardo Leite.
Os
tucanos tentam construir uma aliança de centro para se contrapor ao presidente
Jair Bolsonaro e ao ex-presidente Lula. No sábado, Doria, Leite, Ciro, o
apresentador Luciano Huck e Fernando Haddad (PT) se uniram em críticas a
Bolsonaro no evento virtual Brazil Conference, promovido pelas
universidades americanas Harvard e MIT (Instituto de Tecnologia de
Massachusetts).
No fim
do mês passado, tivemos o manifesto de seis presidenciáveis. É viável a união
desse grupo?
Ela
é viável, é fundamental. (O manifesto) é o primeiro gesto público de que há
diálogo real entre os principais protagonistas. Não vamos reduzir para duas
alternativas no campo do centro num jogo de dado. Vamos fazer com diálogo.
Quantos
nomes cabem no campo do centro em meio à polarização entre Lula e Bolsonaro?
O sonho que beira a ingenuidade seria um único nome. Algo a partir de três nomes começa a atrapalhar muito essa construção.
A visão
econômica do Ciro Gomes pode atrapalhar a união com os demais signatários do
manifesto?
É
fundamental a participação do Ciro Gomes. Aliás, (a visão econômica) não pode
ser tão distinta porque a introdução de Ciro Gomes na sucessão ao governo do
Ceará (em 1991), quando era tucano, se deu pela liderança do então governador
Tasso Jereissati.
Como
poderia ser definido um critério para a escolha do candidato a encabeçar essa
união?
É
justamente essa construção e os fatores que vão levar a essa definição que
serão discutidos. Temos fatos novos todos os dias. Dentro do PSDB, depois da
própria provocação do Eduardo Jorge, começa um movimento muito forte de incentivo
ao nome do senador Tasso Jereissati (o ex-presidenciável do PV fez uma
publicação sugerindo a candidatura de Tasso). Recentemente se intensificaram
movimentos no sentido de convencê-lo a aceitar colocar o seu nome. Claro que é
um nome que enriquece muito o processo político nacional e transcende de forma
definitiva o PSDB.
O senhor
já conversou com Tasso sobre isso?
Tem
que ser respeitado o tempo de cada um. Fica aqui um convite público, para que
ele aceite esse chamamento.
O
governador João Doria não decola nas pesquisas e não consegue capitalizar o
fato de ter trazido a CoronaVac ao país. A que atribui isso?
O
governador Doria tem muito mais ativos do que passivos. O que ele não teve e
outros pré-candidatos têm é a possibilidade de ter tido uma exposição de uma
eleição nacional. A real definição do eleitor brasileiro se dá na metade do
processo eleitoral. Até lá, e neste momento em especial, a população está
tentando sobreviver.
Como o
senhor vê a ascensão do governador Eduardo Leite no PSDB e as projeções de que
ele teria hoje mais simpatia interna do que Doria?
É
um dos nomes mais relevantes dessa nova geração. É a juventude e a expectativa
de crescimento na sua liderança política que ele leva como um ativo às prévias
do partido.
Qual vai
ser o papel do PSDB na CPI da Pandemia?
Foi indicado pelo PSDB um dos homens públicos mais respeitados e mais experientes da República, o senador Tasso Jereissati. Será uma apuração com responsabilidade. Mais do que buscar culpados, precisamos apontar caminhos para essa grave crise de saúde e econômica que nós temos.
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