Folha de S. Paulo
Para quem expõe a população à morte, melar
as eleições não será nada de mais
Os bandidos da velha Hollywood que depois
de aplicar seus golpes fugiam para o Brasil em busca de praias paradisíacas e
água de coco no canudinho tinham mais dignidade. Charme, então, nem se fala. Em
"O Mistério da Torre" (1951), Alec Guinness faz o bancário que rouba
um carregamento de ouro e voa para o Rio. James Mason, em "Cinco
Dedos" (1952), é o funcionário da embaixada britânica que vende segredos
de guerra e planeja se esconder aqui. Na vida real, Ronald Biggs assaltou um trem
pagador de modo espetacular, como só se vê no cinema. Ao lado da mulher
cearense, contando vantagem num boteco de Santa Teresa, Biggs era o típico
gringo acariocado.
Como compará-los a Steve Bannon, o comparsa do deputado Eduardo Bolsonaro? Até para um filme noir dos anos 40 a figura dele é desprezível demais.
Cabelo seboso, barba por fazer, pançudo,
cara de bebum, Bannon troca figurinhas com o filho 03 desde 2018. Tudo o que
Bolsonaro copiou e tenta copiar de Trump —atacar as instituições e a imprensa,
disseminar fake news, desconsiderar a gravidade da pandemia, questionar a
lisura do voto— saiu da cabeça de Bannon, que admitiu ter planejado a invasão
do Capitólio para impedir que Joe Biden assumisse a Presidência.
Preso sob acusação de fraude por sumir com
o dinheiro arrecadado para levantar o muro entre os EUA e o México, Bannon
pagou fiança de US$ 5 milhões e desde então tem apostado tudo no Brasil.
Provavelmente está em seus planos construir um bunker no interior de Santa
Catarina ou Mato Grosso do Sul.
Aqueles que engoliram a versão Bolsonaro
após o Sete de Setembro devem acreditar que teremos um país sem sobressaltos em
2022. Pois sim. Quem deliberadamente expôs a população à morte a fim de manter
a economia funcionando --na base do "óbito é alta"-- não irá se
segurar na hora de promover desordens para melar as eleições.
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