Revista Veja
O Presidente usa recursos financeiros, humanos e físicos do governo para viabilizar sua reeleição. TSE e TCU estão com a palavra
Defensor de ditaduras, o presidente Jair
Bolsonaro (sem partido) tenta há alguns anos se confundir com o Estado
brasileiro. A última moda dele é gastar (muito) dinheiro público para
autopromoção, numa campanha eleitoral ilegal que se vale também da estrutura
física e de recursos humanos do governo federal.
A repórter Ana Luiza Albuquerque, da Folha
de S.Paulo, levantou que o contribuinte já gastou, pelo menos, R$ 2,8 milhões
com as motociatas organizadas pelo presidente pelo país ao lado de seus
apoiadores mais extremistas –aqueles que negam a existência da pandemia e
defendem a generalização da posse e porte de armas, por exemplo.
A repórter Mariana Carneiro, de O Globo,
revelou um documento em posse do Tribunal de Contas da União (TCU) que calculou
em R$ 1,062 milhão o custo para o erário de apenas três motociatas (ocorridas
no Rio, São Paulo e Chapecó).
O gasto público é muito maior porque
Bolsonaro também envolve nos eventos de sua campanha eleitoral fora de época
recursos do governo federal, como aeronaves, e também os próprios servidores
públicos, como ministros e assessores, que são remunerados com o seu e o meu
dinheiro, caro leitor, querida leitora.
Além disso, os eventos eleitorais do presidente demandam esforços e horas de trabalho de policiais militares e outros servidores públicos dos governos estaduais.
O presidente ainda tenta dar uma de
malandro, evitando confirmar sua participação na eleição presidencial de 2022.
Ele sempre diz que talvez possa ser candidato, inclusive nesses eventos.
Bolsonaro chegou a dizer “se porventura eu for candidato”. Isso é um truque.
Ele fala na condicional porque se confirmar a candidatura estará ainda mais
claramente configurado o crime eleitoral.
Até porque, todo mundo já sabe que ele
tentará a reeleição. Os vídeos, fotos e textos sobre suas motociatas também
comprovam a irregularidade eleitoral.
Desde a campanha de 2018, Bolsonaro tenta
se confundir com o Estado brasileiro. Um de seus primeiros movimentos nesse
sentido foi o sequestro da bandeira nacional, que ele e seus asseclas
decretaram que só pode ser empunhada por quem concorda com eles. Outro o
sequestro da marca “Brasil”, que o governo inclui em todos os programas como
agora no Auxílio Brasil com o qual ele tenta substituir o Bolsa Família. Isso
quando não usa o verde e amarelo, como no Casa Verde e Amarelo que ele usou
para tentar apagar a marca Minha Casa, Minha Vida.
Certa vez o presidente disse que ele mesmo
é a Constituição do país, inadvertidamente remetendo a uma frase atribuída a
Luís XIV, rei da França no início do século 18. Sobre os eventos eleitorais
antecipados, o país precisa se preservar disso de alguma forma. Inclusive,
proteger o dinheiro do contribuinte. O Tribunal Superior Eleitoral e o Tribunal
de Contas da União estão com a palavra.
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