Folha de S. Paulo
Número de mortes por Covid volta a aumentar
no estado de SP, no Brasil, é quase estável
Não é um repique, não é uma onda, mas o
número de mortes por Covid em São Paulo voltou a aumentar. Não se dá muita
atenção porque se trata de um alta da casa de 60 vítimas por dia para a casa
dos 70. No
restante do Brasil, a melhoria perdeu força. O ritmo do morticínio está
entre queda ligeira e quase estabilidade.
A situação paulista é pior, segundo os
registros oficiais (isto é, se a subnotificação não aumentou em outros
estados). Desde fins de outubro, parou de despiorar. Fica agora ainda mais evidente
a ficção do dia
de "morte zero", alardeada faz umas duas semanas. Era bobagem
propagandística precipitada, um erro estatístico e uma interpretação errada dos
registros administrativos.
O número de mortes em São Paulo ainda era de 300 por dia no final de julho, havia sido de 800 por dia em abril. Entende-se, portanto, que pouca gente preste atenção ao problema recente, ainda mais porque faz tempo há saturação com o assunto e porque a vacina dá uma sensação maior de segurança. Mas entende-se também o motivo de um em cada nove municípios paulistas terem cancelado também o Carnaval de rua de 2022. A epidemia ainda não acabou.
O aumento do número de mortes não é lá
surpreendente. Desde outubro, acabaram quase todas as restrições de
aglomeração. Os estádios
de futebol estão cheios, embora o transporte público na região
metropolitana de São Paulo ainda esteja com um movimento 30% abaixo do normal
(ou, pelo menos, 30% menor do que se registrava em outubro de 2019). O que vai
acontecer quando trens e ônibus estiverem de novo tão lotados quanto antes,
"AP", Antes da Pandemia? Aliás, vão voltar a lotar ou a vida nas
cidades mudou?
O Carnaval está longe, mas o primeiro Natal
com vacina está logo aí. Até lá, a situação pode melhorar, da vacinação
inclusive. A campanha tem sido um sucesso, uma demonstração da capacidade do
sistema nacional de imunização e um sinal de esperança, pois os brasileiros
tomam as injeções, apesar do governo monstruoso.
No entanto, apesar desse progresso, a
doença resiste. No estado de São Paulo, 99,7% das pessoas com 12 anos ou mais
tomaram a primeira dose; 87% estão completamente vacinadas; 10% tomaram a dose
de reforço. O número diário de novas internações em UTI continua caindo. Estão
na casa de 320 por dia. Em fins de julho, eram 1.200. Em abril, passaram de 3
mil por dia.
No Brasil, descontado São Paulo, 87% dos
maiores de 12 anos tomaram a dose 1; 68,8% estão vacinados. É um outro mundo, é
evidente. O risco imediato é menor, mas o vírus ainda circula e mata.
Até o Natal, a vacinação terá avançado
ainda mais. No momento, em São Paulo e no Brasil se aplicam por dia mais doses
de reforço do que doses 1. Mas o final de ano de reuniões e viagens é ocasião
para o espalhamento do vírus. É preciso que o país chegue até a época de festas
com a cobertura de vacinação tão completa quanto possível. Pode reduzir muito
mais o risco. Quem sabe, pode haver Carnaval, embora seja esquisito pensar em
Carnaval neste país tão arrasado.
Países da Europa passam por surtos preocupantes, mas não é bem esse o motivo de ligar o sinal amarelo por aqui. O saldo das epidemias é agora muito diferente. O Brasil foi muito mais devastado por contaminações e mortes, tem vacinação cada vez mais extensa e começou a dar as injeções bem mais tarde. Por bem ou por mal, é possível que tenhamos mais gente resistente ao vírus, pelo menos no momento. Não é motivo para relaxar e darmos chance ao azar de uma mutação: estamos em uma pandemia e um mutante pode vir da Europa para o Brasil em 12 horas.
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