quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

Mariliz Pereira Jorge: A canalhice bolsonarista

Folha de S. Paulo

Para eles, quem ficava em casa em 2020 e agora voltou a participar de atividades sociais é hipócrita

A canalhice bolsonarista se renova a cada semana. Não basta o boicote ao uso de máscara e à vacinação, essa corja que apoia Jair Bolsonaro se tornou especialista em manipular fatos, para constranger cidadãos que sempre seguiram as recomendações de autoridades sanitárias ao longo da pandemia da Covid-19.

A moda entre a milícia que bajula o presidente é ressuscitar posts de formadores de opinião, com a bandeira do "fique em casa", levantada durante os meses mais dramáticos, e confrontá-los em razão de seu comportamento atual: sair, viajar, frequentar bares e festas. Ainda há riscos? Sim. Mas a realidade é diferente da de um ano atrás.

Famosos que participaram da festa de uma youtuber sofreram ataques. Acontece o mesmo com políticos de oposição em momentos de lazer. Um deputado da bancada evangélica compartilhou uma foto em que esta colunista estava em Copacabana. Eram 5h30, praia vazia. Nem os bandidos cariocas tinham acordado.

Mas a campanha sórdida promovida por essa gente tosca, incluindo parlamentares governistas, tem apenas o objetivo de linchar os críticos do governo, que engrossaram o coro de especialistas. No começo dessa crise, o isolamento era a alternativa quando pouco se sabia sobre a doença, não havia vacina, hospitais e cemitérios tinham fila de espera.

Estamos no meio de dezembro de 2021, as restrições de circulação e de aglomeração vêm caindo desde a metade do ano passado, a vacinação bombando, mas, para o bolsonarista, quem ficava em casa no ano passado e agora voltou a participar de atividades sociais é hipócrita.

Ninguém mais quer ficar trancado. Não há, hoje, nenhuma orientação neste sentido. A milícia sabe. O que eles fingem ignorar é que as bandeiras atuais são a obrigatoriedade da imunização e a exigência de passaporte da vacina em todos os lugares. Tudo o que os negacionistas não querem. O que eles querem é torrar a paciência alheia e eternizar a pandemia.

 

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