"Aos seres humanos que, por nascimento ou opção, habitam terras brasileiras, o PPS dedica seus 70 anos de lutas, e todas as lutas futuras"
Há uma crise, no mundo e no Brasil, e todos podemos senti-la. Uma crise que
solapa a esperança, que chega ao fundo dos corações, gerando frustrações,
descrença e cinismo. Frente aos desafios destes novos tempos, seu compromisso
de luta por uma sociedade mais justa e mais humana, o X Congresso do PCB
oferece à sociedade brasileira um novo instrumento de luta, o Partido Popular
Socialista - PPS.
Um Partido que, desde sua formação, é plural, aberto à participação de todos os
que acreditam que é possível, a todos os seres humanos, viverem iguais e
livres. Um Partido que, num mundo de mudanças, assume o compromisso central com
a vida, entendendo-a como indissociável da natureza e da cultura. Um Partido,
que quer contribuir para a construção de uma nova ética, em que o ser humano,
sem nenhuma discriminação, seja protagonista e beneficiário das transformações
sociais.
Um Partido novo, democrático, socialista, que se inspire na herança humanista,
libertária e solidária dos movimentos sociais e das lutas dos trabalhadores em
nosso país e em todo o mundo, prolongando hoje a luta que travamos desde 1922.
Um Partido que não use o povo, mas seja um instrumento para que cada cidadão
seja sujeito de sua própria história. Um Partido socialista, humanista e libertário,
que tenha como prática a radicalidade democrática, que permita a cada ser
humano exercer sua plena cidadania, na área em que reside e no planeta em que
habita.
Um Partido que tem como metodologia de ação política, a não violência ativa, e
que repudia toda e qualquer forma de violência (econômica, racial, religiosa,
física, psicológica etc). Um Partido que faz da eliminação da miséria a questão
primeira de sua política. Porque enquanto houver um ser humano sem comida, sem
moradia, sem educação ou sem as mínimas condições de acesso à saúde, nossa luta
tem e terá razão de continuar.
Um Partido que defende que a propriedade dos meios de produção e de comunicação
deve ser social, com propostas autogestivas, cogestivas e cooperativistas,
contrapondo-se aos modelos neoliberais. Um Partido que se empenhará para que o
desenvolvimento científico e tecnológico seja considerado prioridade nacional,
pois como não haverá progresso social sem o amplo desenvolvimento científico e
tecnológico.
Um Partido que tem como objetivo a reforma democrática do Estado para que ele
não tutele, mas que seja controlado pelos cidadãos e pela sociedade.
Um Partido que luta por um programa radical de desenvolvimento que tenha o ser
humano como sujeito e que seja capaz de eliminar a injusta distribuição de
renda, acabando com a brutal concentração hoje existente. A consolidação da
democracia política e a retomada do desenvolvimento, pondo fim à recessão e ao
desemprego, são claras prioridades para a construção da cidadania.
Um Partido que lutará pela implantação do parlamentarismo, pelas reformas
estruturais de que o país necessita e pela preservação dos direitos consagrados
constitucionalmente. Um Partido que se dispõe a repensar tudo, 'mas que não
abre, de forma alguma, seu compromisso de luta por uma sociedade mais justa e
mais humana.
Um Partido que é e será um espaço aberto à participação de todos os que têm
aspiração de construir essa sociedade. Um Partido que assume sem medo
compromissos com o presente e o futuro, recusando a infalibilidade e o dogma,
mas tendo em conta a experiência do passado.
Um Partido que não tem fórmulas prontas e acabadas, e que se propõe a discutir
e formular um Projeto para a Nação Brasileira, com a colaboração de todas as
forças do campo democrático. Esse é o desafio lançado a todos os militantes
deste novo Partido e o convite a todos os que queiram nele se integrar.
* Manifesto de fundação do PPS, 26 janeiro de 1992, São Paulo, SP
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