Folha de S. Paulo
Conheça o novo termo do Dicionário
Brasileiro da Corrupção
A palavra já existe há mais de um ano, mas ainda não tinha pegado. Volta agora com tudo: Bolsolão. O último —até este momento— escândalo de corrupção do governo Bolsonaro consagrará o termo, primo-irmão de dois anteriores que já constam dos dicionários, o mensalão e o petrolão. Neste momento, o Bolsolão está sendo protagonizado por dois ou três vigaristas amigos do presidente, acusados de desviar o dinheiro da merenda e das bolsas de estudos para fins outros. Mas o elenco promete aumentar —ou você acha que o único ministério que Bolsonaro reduziu a balcão de negócios é o da Educação?
À primeira vista, o Bolsolão é o esquema de
sempre: farta distribuição do dinheiro público, dentro ou fora do Orçamento, ao
alcance ou não do TCU, para compra de apoio político; cobrança de propina, às
vezes ao peso
de 1 kg de ouro; importação de produtos a preços hiperfaturados, como as
vacinas sob Pazuello; prática imoral de lobby; obras sem licitação; vista
grossa na fiscalização; e outros negócios de ocasião a cargo de gabinetes
paralelos, abertos a pessoas estranhas ao serviço, mas íntimas do Planalto. A
diferença é que, neste governo, uma parte das tramoias é feita em nome de Deus.
A outra está à sombra dos órgãos de controle da União, todos na mão de
Bolsonaro.
O Bolsolão já parece de tal monta que o
célebre esquema da rachadinha, de pai para filho desde a primeira eleição de
Bolsonaro para vereador em 1989, ainda será um dia chamada de Bolsolinho.
Há séculos na praça, estou habituado a ver
o Brasil ser roubado, assaltado, defraudado, esbulhado e espoliado por espertos
de todas as cores políticas. Mas nunca por gente de tão baixo nível quanto os
que cercam Bolsonaro. Vamos torcer apenas para que, diante do que eles podem
estar se preparando para nos roubar, antes queiram apenas o dinheiro.
Enquanto isso, bem-vindo, Bolsolão, ao Dicionário Brasileiro da Corrupção.
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