Folha de S. Paulo
Ex-tucano mostra primeiras pistas de como
vai tentar convencer eleitor a migrar para chapa petista
Geraldo Alckmin assinou a filiação ao PSB
com um discurso voltado para fora das fileiras da esquerda. Depois de meses de
poucas palavras, o ex-tucano ensaiou as primeiras justificativas de sua
migração para o campo de Lula e deu uma pista de como vai tentar convencer
alguns de seus antigos pares a fazer o mesmo.
A principal função eleitoral de Alckmin
será expandir o alcance da candidatura petista, atraindo eleitores que
circulavam em sua antiga vizinhança tucana. O esforço inicial envolve reduzir
as resistências de um grupo que, por décadas, foi alimentado à base de
antipetismo.
O ex-governador quer zerar esse jogo. Alckmin disse três vezes que o país atravessa um "momento excepcional", como se pedisse autorização para enfrentar uma situação crítica com medidas emergenciais.
A função do ex-tucano será persuadir uma
fatia do eleitorado de que, ainda que Lula possa parecer uma solução
heterodoxa, a reeleição de Jair Bolsonaro representa um risco maior. O
argumento central é que a aliança com o PT é necessária para conter uma ameaça
à democracia.
Alckmin também indicou que vai trabalhar
para suavizar a imagem de Lula nesse nicho. Ele afirmou que o ex-presidente
"representa a própria democracia" (para apagar a imagem de um petismo
autoritário) e está habilitado para retomar o desenvolvimento econômico (para
amenizar as lembranças da crise iniciada no governo Dilma Rousseff).
O ex-tucano já inaugurou essa missão.
Embora tenha afirmado que não precisa "acalmar o empresariado",
Alckmin disse numa entrevista coletiva após o ato de filiação que Lula deu um
"exemplo de responsabilidade fiscal" em seus governos e que o petista
deve seguir o caminho da conciliação ao elaborar medidas para a economia.
Dirigentes do PT sabem que Alckmin não vai
produzir um arrastão de eleitores de centro e centro-direita em direção a Lula.
A ideia é evitar que ao menos alguns deles, desiludidos com a terceira via,
repitam a rota de 2018 até o colo de Bolsonaro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário