Revista IstoÉ
Observando o processo eleitoral do País, um candidato está, no máximo, no século XVIII – pré-Revolução Francesa –, o outro no século XX, e que ainda não foi sequer avisado da queda do muro de Berlim
A guerra da Rússia contra a Ucrânia
derrubou por terra definitivamente a platitude de que a globalização teria
enterrado a sete palmos o nacionalismo, o Estado-Nação. Seria, de acordo com os
doutores Pangloss da contemporaneidade, o fim dos interesses nacionais, da
possibilidade de construir um projeto nacional. Os grandes protagonistas da
cena política mundial, sem exceção, defendem e impõe seus interesses nacionais
à frente de qualquer princípio das relações internacionais.
O cenário da terceira década do século XXI
é de um nacionalismo exacerbado, nunca visto desde o século XIX, quando da
expansão dos Estados nacionais por boa parte do mundo.
O discurso de que não resta espaço para um projeto nacional está a serviço de interesses alienígenas, do que, nos anos 1960, era chamado de centro do sistema capitalista. Ter um projeto nacional não significa edificar uma economia autárquica, mas garantir uma inserção na economia mundial de forma soberana. Portanto, não é uma reedição do nacional desenvolvimentismo, fruto de um contexto muito particular e que o Brasil conseguiu se adaptar e colher frutos.
Durante meio século (1930-1980), o País foi
o que mais se desenvolveu no mundo ocidental. Nas últimas quatro décadas
passamos por momentos de crescimento do PIB, mas sem manter continuidade, não
passando de voos de galinha. O grande desafio para o Brasil é de compreender o
momento histórico, entender as contradições do século XXI. Hoje, observando o
processo eleitoral, um candidato está, no máximo, no século XVIII –
pré-Revolução Francesa –, o outro no século XX, e que ainda não foi sequer avisado
da queda do muro de Berlim (1989). Urge entrar no século XXI, enfrentar novos
desafios, construir projetos que permitam ao País voltar a crescer de forma
sustentável e se inserir na cadeia produtiva mundial.
Para essa tarefa deveremos construir bases sólidas no campo democrático. Não é possível dar um grande salto para um novo patamar do desenvolvimento nacional sem termos uma democracia com valores consolidados, efetivamente enraizada entre os cidadãos. Assim, o Estado Democrático de Direito será a base para o Brasil enfrentar problemas que impedem o estabelecimento de um novo projeto de desenvolvimento como o baixo nível de qualificação da força de trabalho, com o sucateamento da ciência e tecnologia e da infraestrutura. E com uma estrutura política apresada por interesses antirrepublicanos.
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