O Globo
Os pupilos de Olavo de Carvalho se
desiludiram com o Mito. Nos últimos dias, Arthur Weintraub e Ernesto Araújo
emergiram do pântano para criticar Jair Bolsonaro. Os dois atacaram o governo e
expuseram mágoas com o ex-chefe.
Weintraub ligou o presidente ao escândalo
no Ministério da Educação. Contou ter recebido ordens de Bolsonaro para entregar
o FNDE ao Centrão. O fundo foi depenado pela quadrilha que atuava na pasta.
Enquanto o Planalto se esforça para barrar
uma investigação no Senado, o ex-ministro disse que “adoraria ver uma CPI do
MEC”. “Tenho muita coisa para contar”, provocou.
Ernesto também surpreendeu. Em março,
acusou Bolsonaro de reproduzir “desinformação russa” sobre a guerra. Dias
depois, ironizou as novas companhias do capitão, que fez comício ao lado de
Fernando Collor e Valdemar Costa Neto.
“Caberia perguntar por que algumas pessoas que estavam no palanque com o presidente e já foram condenadas por corrupção merecem uma segunda chance”, criticou o ex-chanceler.
Em tempos normais, Weintraub e Ernesto
nunca teriam saído dos subterrâneos da extrema direita. Após a eleição de Bolsonaro,
saltaram dos blogs obscuros para a Esplanada. Os dois viraram ministros graças
às ligações com o finado guru da Virgínia.
No governo, eles não tinham pudor de
bajular o chefe. Num discurso delirante, Ernesto comparou o capitão a Jesus
Cristo. Weintraub endossou os ataques ao Supremo e defendeu a prisão dos juízes
da Corte.
Bolsonaro não mudou. Mudaram seus
ex-ministros, que ainda parecem inconformados com o retorno ao anonimato.
Weintraub não conseguiu apoio para concorrer ao governo de São Paulo. Ernesto
ficou proscrito no Itamaraty: não ganhou nem uma embaixada como prêmio de
consolação.
Curiosamente, os dois andam piscando para o
PT. Quando o capitão defendeu Valdemar, o ex-chanceler perguntou se Lula também
merecia uma “segunda chance”. Weintraub foi mais explícito: disse que o sonho
bolsonarista virou “pesadelo”. “Hoje ou é com Lula ou a gente continua
piorando”, declarou.
Para azar da dupla, a frente lulista não
parece ser ampla o suficiente para recolher os náufragos do olavismo.
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